Em depoimento ao juiz Sergio Moro, na Operação Lava Jato, o publicitário João Santana
admitiu nesta terça-feira que mentiu em seu primeiro interrogatório, em
fevereiro de 2016, porque estava “atordoado” com a sua prisão e porque
tentava manter a então presidente Dilma Rousseff (PT) no cargo – ela foi afastada do cargo dois meses depois.
Na
ocasião, ele disse que os recursos que recebera no exterior se
referiam, “exclusivamente”, a pagamentos de campanhas feitas em outros
países. Nesta terça-feira, ele mudou a versão: “Na época, [estava] ainda
atordoado, um dia depois da prisão, e também preocupado com a própria
estabilidade política e manutenção do cargo da presidente Dilma. Eu
cometi o equívoco, eu menti para a Justiça sobre isso. Por isso, a
primeira versão minha, que esses recursos eram todos de campanhas
no exterior. Não estava mentindo de todo, porque boa parte dos recursos
provinha disso”, disse Santana, que atuou em campanhas eleitorais em
países da África e da America Latina.
O marqueteiro também
confirmou que recebeu pagamentos não declarados (caixa dois) em contas
no exterior pela dívida da campanha presidencial de Dilma, em 2010. Ele
também relatou que foi renumerado por fora nas campanhas municipais dos
também petistas Fernando Haddad, Patrus Ananias, Marta Suplicy (hoje no PMDB) e Gleisi Hoffmann, em 2008. Os repasses teriam sido feitos pela empreiteira Odebrecht.
Esta
foi a primeira vez que o ex-marqueteiro do PT prestou depoimento
ao juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba na condição de delator —
ele fechou acordo de colaboração premiada com Procuradoria-Geral da
República (PGR), que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 4.
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