Com exceção do DEM, em todas as bancadas da base
aliada na Câmara dos Deputados foram registradas traições ao governo
durante a votação da reforma trabalhista, na noite desta quarta-feira,
26.
O PP – partido do líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PB) – teve o
maior número de votos contra o projeto – nove. O PMDB, partido do
presidente Michel Temer, teve sete votos contrários à reforma.
Mesmo com a determinação da cúpula do partido para votar contra a
proposta, 14 dos 30 deputados do PSB que votaram nesta noite se
mantiveram fiéis ao governo. Dezesseis parlamentares seguiram a ordem do
partido.
A líder da bancada, Tereza Cristina (MS) orientou voto contra durante a apreciação do texto-base, mas votou a favor do projeto.
No PMDB, os deputados Celso Pansera (RJ), José Fogaça (RS) e Simone
Morgado (PA) figuram na lista dos que votaram contra. O PR também teve
sete dissidentes, incluindo Tiririca (SP).
No Solidariedade, que orientou voto contra, foram oito votos contra o
governo, entre eles os do líder Áureo (RJ) e do presidente da Força
Sindical, Paulo Pereira da Silva (SP).
O PSD e o PTN registraram cinco traições. O PRB e o PTB, quatro –
contando o voto do dissidente Arnaldo Faria de Sá (SP). No PPS, foram
três – incluindo o líder da bancada, Arnaldo Jordy (PA). PSC e PV
registraram dois votos contra cada. No PSDB, apenas Geovânia de Sá (SC)
se posicionou contra o governo.
A oposição – PCdoB, PT, PDT, PMB, PSOL e Rede – votou fechada contra o
texto-base. Partidos menores, como PROS, PEN, PHS, PSL e PTdoB tiveram
votos contra e a favor do projeto.
Considerado pelo governo como teste para a votação da reforma da
Previdência, o texto-base da reforma trabalhista foi aprovado por 296
votos a favor e 177 contrários. O objetivo era votar a proposta antes da
greve-geral marcada para sexta-feira, 28.
Mesmo necessitando apenas de maioria simples (metade dos presentes ao
plenário mais um), a base aliada do governo trabalhou durante todo o
dia para garantir, na votação da reforma trabalhista, um número de votos
próximo dos 308 que serão exigidos para aprovar a reforma da
Previdência. O objetivo era dar um sinal de força na concretização das
reformas, mas faltaram 12 votos.
A reforma trabalhista começou a ser discutida por volta das 12h30 no
plenário da Câmara, em meio a artifícios da oposição para obstruir a
sessão e protestos. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) convidou
transexuais para uma “intervenção político-artística”.
Para se certificar da vitória, o governo exonerou os ministros Bruno
Araújo (Cidades), Mendonça Filho (Educação) e Fernando Bezerra Coelho
(Minas e Energia) para que eles reassumissem o mandato na Câmara e
votassem no lugar de suplentes que davam sinais de que votariam contra o
Palácio do Planalto.
O PCdoB protocolou um mandado de Segurança no Supremo Tribunal
Federal (STF) pedindo a suspensão da tramitação do projeto sob a
alegação de que a proposta não poderia ser votada enquanto três medidas
provisórias trancam a pauta. No final da noite, o ministro Dias Toffoli
negou a solicitação.
No debate em plenário, a oposição chamou o projeto de “desgraça” e
disse que a versão em votação na Câmara era pior do que o texto
original. “Dizer que retoma o emprego com isso é uma falácia”, discursou
o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE).
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