O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deu início às negociações para sua delação premiada. Há cerca de duas semanas ele teve uma reunião com a força-tarefa da Operação Lava Jato
na Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde setembro de 2016.
As informações são da edição desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo.
Pessoas
ligadas a Palocci dizem que os principais temas que o político pretende
tratar envolvem corrupção de empresas do sistema financeiro, como
bancos, além de conglomerados que não integram grupos de empreiteiras.
Na lista também há fatos ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva – de quem ele defendeu interesses econômicos – e às campanhas do
Partido dos Trabalhadores.
Também estava na reunião com a
força-tarefa da Lava Jato o delegado Felipe Pace, que conduziu
investigações que prenderam o político. Desde 2016, a PF não participa
de delações negociadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e Procuradoria Geral da República (PGR).
Segundo o jornal, a sugestão para que a PF participasse das negociações partiu empreiteiro Marcelo Odebrecht,
que assinou delação em dezembro. Ele e Palocci estão presos na
carceragem de Curitiba. Há um ano, o procurador-geral Rodrigo Janot
entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para proibir a PF de negociar delação premiada.
Marcelo
teria dito que enfrentou problemas em temas da delação sobre os quais
os procuradores não tinham tanto conhecimento. Ele teria argumentado que
a PF pode ajudar a dar foco em assuntos mais relevantes, daí a
tentativa de Palocci de incluir os agentes federais em seu acordo.
A
colaboração com o MPF é vista como mais vantajosa, já que nela pena e
multa são determinadas na negociação. Porém, dividir as tratativas com
outro órgão pode ajudar a reduzir a pressão dos procuradores sobre o
potencial delator. Um delegado chegou a procurar o juiz Sergio Moro
para informar que Palocci queria negociar com a PF, mas o magistrado
disse que era preciso incluir o MPF. Nesta terça, o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) marcou o julgamento do pedido de liberdade de Palocci.
Segundo o jornal, o petista tem dito que tem pouca chance de êxito – ainda mais com a publicidade das delações da Odebrecht. Neste mês, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, negou liberdade provisória a Palocci.
Outro
ponto que pesou para Palocci decidir tentar a delação é a negociação de
seu ex-assessor, Branislav Kontic com investigadores. Os dois foram
presos no ano passado, mas Kontic deixou a prisão após dois meses por
decisão da Justiça. Palocci é réu por corrupção e lavagem em um processo
conduzido por Moro.
Há, porém, outras ações que miram Palocci, como a que investiga sua atuação na compra de terreno que abrigaria o Instituto Lula.
A primeira opção do ex-ministro para conduzir sua delação era o
advogado Marlus Arns, que fechou o acordo do ex-vice-presidente da
Camargo Corrêa, Eduardo Leite.
O criminalista, porém, declinou do caso por questões financeiras. Arns argumentou que já atende o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está com os bens bloqueados, e que não poderia ter outro cliente sem condições de pagar.
O
advogado Roberto Batochio, que além de Palocci defende o ex-ministro
Guido Mantega e o ex-presidente Lula, disse que deixará o caso se o
cliente tomar a decisão de firmar acordo de delação. “Ele não falou nada
para mim nesse sentido”, afirmou ao jornal.
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