BRASÍLIA - Em um dos seus depoimentos prestados no âmbito do acordo
de colaboração premiada com a Lava Jato, o empreiteiro Marcelo Odebrecht
assumiu pagamentos de propina para o PMDB e o PT por conta do contrato
PAC SMS da diretoria Internacional da Petrobrás. Segundo o delator,
tanto a ex-presidente da estatal, Graça Foster, como a ex-presidente
Dilma Rousseff (PT) foram informadas sobre os pagamentos ilícitos. Na
conversa com Dilma, segundo Marcelo, teria transparecido que a então
presidente queria saber se seu vice, Michel Temer, teria recebido
valores oriundos do contrato.
“Eu contei tudo que tinha contado
pra Graça contei pra ela. Presidenta, veja bem, não é justo o que Graça
fez. Eu achava que ela queria saber se Michel estava envolvido... mas
você percebe que ela queria instigar quem era a pessoa que estava
recebendo isso”, detalhou Odebrecht.
Os repasses ao PMDB, disse Marcelo, foram solicitados a Márcio Faria, diretor de Oléo e Gás do grupo Odebrecht, pelos então deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Por parte do PT, os repasses teriam sido tratados com o tesoureiro do partido João Vaccari. Questionado sobre os valores, Marcelo informou que não saberia o valor exato, mas que “foi relevante, foi 10, 20 milhões de reais” pagos na véspera da campanha de 2010.
Em sua delação, Odebrecht contou que
soube dos pagamentos quando Graça Foster telefonou para perguntar se o
PMDB havia recebido valores oriundos do contrato. “O que na época me foi
informado, comentado, é que ela estava preocupada era com esse tal
pagamento que foi feito para eleição de 2010 do grupo do PMDB”, explicou
Marcelo.
Aos investigadores explicou que o caso foi diferente dos
outros da estatal uma vez que não era costume o político solicitar os
repasses. “No caso a Petrobrás, a conversa era com diretores, a mensagem
dos padrinhos políticos eram pelos diretores”, explicou Odebrecht.
O
PAC SMS foi um contrato de prestação de serviços para a área de
Negócios Internacionais da Petrobrás, dentro do plano de ação de
certificação em segurança, meio ambiente e saúde. O contrato
guarda-chuva contempla vários países e, em 2011, foi ampliado para
incluir serviços específicos em Pasadena.
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