O empresário Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de
Administração da Odebrecht, disse em relato por escrito à
Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito de sua colaboração na
Lava Jato, que discutia com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
doações para campanhas do PT. O “apoio” ao petista e seus aliados,
segundo o empreiteiro, remonta à época em que ele nem sequer era
candidato e se estendeu ao período em que ele comandou o País.
“Lembro
de, em uma dessas ocasiões, ter disso ao então presidente que o pessoal
dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para
crocodilo’”, contou Emílio.
O relato do empresário
faz parte dos documentos que serviram de base para os pedidos de
abertura de inquérito remetidos pela PGR ao Supremo Tribunal Federal
(STF).
O empresário disse que pedidos de ajuda eram
sempre feitos por Lula diretamente a ele, mas que os dois sempre
designavam um representante de cada lado para negociar valores e tratar
de detalhes.
No caso do PT, inicialmente o
interlocutor era o ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil e Fazenda),
atualmente preso em Curitiba. Do lado da Odebrecht, os designados foram
Pedro Novis e, a partir de 2009, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, que
assumiu o comando da holding da empreiteira.
Em
algumas ocasiões, segundo Emílio, Marcelo pediu ao pai que conversasse
com Lula para “informar valores e esclarecer dúvidas”. “Lembro de,
algumas vezes, ter dito a ele algo como: ‘Presidente, seu pessoal quer
receber o máximo possível, e meu pessoal quer pagar o mínimo necessário.
Já instruí meu pessoal para chegar ao melhor acordo, e peço também ao
senhor para conversar com seu pessoal para aliviar a pressão’”, afirmou
Emílio.
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