O presidente Michel Temer decidiu não se posicionar publicamente sobre o pedido de investigação de nove dos seus 28 ministros e determinará que cada auxiliar faça sua defesa individual daqui para frente. No primeiro momento, afirmam assessores, Temer não vai demitir nenhum deles, mas quer evitar o desgaste generalizado de seu governo.
Segundo a reportagem apurou, a expectativa do Planalto, agora, é pela divulgação dos detalhes das delações da Odebrecht, que mostrará a gravidade das acusações contra cada ministro. Um auxiliar do presidente disse que é preciso ver "o que há contra cada um", ou seja, se os crimes praticados foram eleitorais, como caixa dois, ou mais graves, como recebimento de propina.
O governo não esperava que o vazamento da lista com os pedidos de investigação do STF (Supremo Tribunal Federal) acontecesse antes da Páscoa, às vésperas da apresentação do relatório da reforma da Previdência, marcada para a segunda-feira (17). A avaliação é que os pedidos do ministro Edson Fachin contra ministros e parlamentares podem causar "turbulência" no Congresso, atrapalhando o andamento do texto.
Na lista de Fachin estão 29 dos 81 senadores e 42 dos 513 deputados, incluindo o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), e os presidente das duas Casas, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunicio Oliveira (PMDB-CE).
No Planalto a ordem, por ora, é não comentar oficialmente a decisão de Fachin e dizer que Temer mantém sua linha de corte, anunciada em fevereiro. Segundo o presidente, ministros seriam afastados temporariamente do governo caso denunciados e, definitivamente, se virassem réus. Apesar da lista do STF, ainda não há nenhum auxiliar de Temer nessas condições.
O governo, inicialmente, argumentará que as acusações são sobre eventos ocorridos antes de Temer assumir o Planalto. Apesar disso, a avaliação é de que o presidente pode reavaliar sua linha de corte caso o desgaste na cúpula de sua gestão aumente com a divulgação dos detalhes usados pelo Supremo para justificar os pedidos de investigação.
Nas palavras de um assessor presidencial, será difícil para Temer demitir apenas os casos mais graves e não abrir precedentes para exonerar os demais, já que estaria criando exceções para uma regra estipulada por ele próprio.
O ministro Edson Fachin determinou abertura de inquérito contra nove ministros de Temer e 71 parlamentares. Os pedidos foram baseados na solicitação da PRG (Procuradoria-Geral da República) ao STF com base nas delações de 77 executivos da Odebrecht.
Com informações da Folhapress.
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