- Geraldo Bubniak / Agência O Globo17.dez.2016 - Cabral no Aeroporto Internacional de Curitiba,ao retornar para o presídio de Bangu 8, no Rio
Preso desde novembro do ano passado e alvo de mais uma investigação
relacionada à Operação Lava Jato, o ex-governador do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral (PMDB) quer fazer acordo de delação premiada. A intenção
de colaborar e negociar uma pena menor em eventual condenação foi
repassada a aliados próximos.
Cabral foi preso no ano passado
durante a Operação Calicute, suspeito de receber mesadas de até R$ 850
mil das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.
Um
dos motivos que o levaram a cogitar a delação premiada, segundo aliados,
é o ambiente hostil no presídio de Bangu 8, na zona oeste do Rio, onde
cumpre prisão preventiva.
Cabral, dizem interlocutores do
peemedebista, admite ter reduzidas chances de se livrar da prisão pelos
caminhos tradicionais --via habeas corpus-- por causa da quantidade de
provas contra ele reunidas pela Procuradoria da República e pela Polícia
Federal.
Ele tem contra si três mandados de prisão, dois expedidos pelo juiz
Marcelo Bretas, do Rio --nas operações Calicute e Eficiência--, e um
pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba.
No acordo de delação premiada, Cabral ainda pode tentar negociar
responder as ações penais em liberdade. Benefícios que poderiam também
ser estendidos à sua mulher, Adriana Ancelmo, também presa na Operação
Calicute. Em dezembro, Moro aceitou a denúncia contra o ex-governador, a
mulher dele e mais cinco. Eles se tornaram réus na Lava Jato.
Operação Eficiência
Ao apontar as ramificações internacionais de um suposto esquema de
lavagem de dinheiro criado para escoar os valores desviados de obras no
Rio, a Operação Eficiência pode ter acelerado a busca de Cabral por um
acordo.
O ex-governador peemedebista vinha conversando com seus
advogados sobre a possibilidade e havia fechado a troca do atual
defensor, Ary Bergher, pelo criminalista Sérgio Riera.
Riera foi
o responsável pela delação premiada na Operação Lava Jato de Fernando
Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB em
contratos na Diretoria Internacional da Petrobras.
O
criminalista nega ter sido contratado por Cabral. Segundo ele, seu
trabalho, atualmente, está relacionado somente à defesa da ex-mulher de
Cabral Susana Neves Cabral. Ela foi alvo de condução coercitiva na
Operação Eficiência nesta quinta.
A reportagem, entretanto,
conversou com duas fontes com acesso ao núcleo de defesa de Cabral que
confirmaram a escolha do político por uma negociação de acordo de
delação. Essas fontes também informaram que o companheiro de cela de
Cabral, o ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro Hudson Braga, é outro
alvo da Calicute que já comunicou a Procuradoria e seus advogados sobre
o interesse no acordo.
Braga é apontado pela Polícia Federal
como operador administrativo do suposto esquema criminoso ligado ao
ex-governador do Rio. As informações são do jornal "O Estado de S.
Paulo".
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