Depois de entrar com ação contra alguns de seus algozes na
Lava Jato – como o delegado da Polícia Federal Filipe Pace, o procurador
da República Deltan Dellagnol e o juiz federal Sergio Moro -, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta quinta-feira
uma ação de reparação por danos morais contra o promotor de Justiça
Cassio Roberto Conserino, do Ministério Público de São Paulo.
A
ação, que deverá ser distribuída a uma Vara Cível de São Bernardo do
Campo, onde Lula reside, pede que Conserino seja condenado a pagar R$ 1
milhão “a título de indenização ao ex-presidente, levando-se em
consideração a extensão dos danos causados e, ainda, a capacidade
econômico-financeira do citado agente público”.
Em 2016, no
âmbito de uma investigação sobre o apartamento triplex no Guarujá, o
promotor pediu à Justiça estadual decretação da prisão de Lula. Segundo
os advogados do ex-presidente, a ação demonstra “a utilização das
prerrogativas e do cargo de promotor de Justiça pelo réu (Conserino)
para causar danos à imagem, à honra e à reputação de Lula”.
Os
advogados do petista afirmam que “a atuação dolosa do réu no exercício
de suas funções foi confirmada por dois fatos supervenientes: o abandono
da causa, após a Justiça excluir Lula da sua esfera de atuação
funcional – alegando ‘motivo de foro íntimo’ – e, ainda, pela reprodução
e divulgação de publicação ofensiva ao ex-presidente, tratado como
‘encantador de burros’ em conta do réu em rede social (Facebook)”.
A
defesa de Lula destacou que, no dia 9 de novembro de 2016, o Conselho
Nacional do Ministério Público instaurou Reclamação Disciplinar contra
Conserino “em atenção a requerimento que fizemos levando em consideração
parte dos mesmos fatos tratados na ação judicial hoje proposta”.
“Estou
morrendo de medo”, declarou, com ironias, o promotor Conserino. “Só
lamento mais essa esdrúxula iniciativa”, completou. “E o valor da ação é
ridículo, um milhão? Nem tenho esse dinheiro.”
Conserino
informou que deixou o caso porque a juíza estadual – a quem foi
encaminhado pedido de prisão de Lula – representou contra ele. ” A juíza
se sentiu ofendida, saímos por esse motivo. A gente não concordou com a
postura da juíza (que disse que o caso era da alçada da Justiça Federal
em Curitiba). É praxe antiga a saída do processo por motivo de foro
íntimo.”
Para ele, o pedido de prisão contra o ex-presidente foi
“absolutamente legítimo, regular, dentro dos parâmetros do Código de
Processo Penal”. “Eu continuo achando que era caso de prisão preventiva
do Lula.”
O promotor assinalou os motivos que o levaram a pedir
cadeia para Lula. “Para resguardar a ordem pública, uma vez que ele
inflamou a população contra a autoridade constituída.” “O pedido (de
prisão do ex-presidente) foi fruto da atividade do Ministério Público,
dentro da lei. Não houve exagero de nossa parte.”
Sobre o post
que fez nas redes, intitulado “O encantador de burros”, disse: “Eu
apenas compartilhei uma foto que reputei engraçada. Eu não sou
idealizador da foto, eu não produzi aquela foto. Eu estava
compartilhando, como compartilho de vários partidos políticos,
independentemente de cor, ideologia. Se não puder compartilhar uma foto
é demais, nem na ditadura militar tinha esse tipo de proibição.”
(Com Estadão Conteúdo)
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