A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz
, em Nísia Floresta, cidade vizinha a Natal (RN), chegou ao fim
após mais de 14 horas. O motim começou por volta das 16h30 (no horário
local, 17h30 no horário de Brasília) e, até a manhã de hoje, não havia
sido controlado pelas autoridades estaduais.
Os detentos se
renderam por volta das 7h deste domingo após a Tropa de Choque Militar
entrar nos pavilhões e não houve troca de tiros, segundo a Secretaria de
Segurança. O governo estadual confirmou dez mortes.
A m aior penitenciária do Rio Grande do Norte
, Alcaçuz tem cerca de 1.150 presos em um espaço com capacidade total
para 620. Os presos teriam invadido o pavilhão 1 e o 5. O pavilhão 5 é
uma unidade separada e que faz parte do Complexo de Alcaçuz. Atuam no
Rio Grande do Norte, além do Primeiro Comando da Capital (PCC), o
Sindicato do Crime do RN, rival do grupo paulista e mais próximo da
Família do Norte e Comando Vermelho. A ação teria sido causada por uma
briga entre o PCC e o Sindicato do Crime.
Em Alcaçuz, segundo fonte ouvida pelo jornal O Estado de S.Paulo, os pavilhões 1,2,3 e 4 são dominados pelo Sindicato do Crime RN e o 5 encontra-se com presos com algum tipo de ligação o PCC.
No
fim da noite de sábado, um agente penitenciário que conseguiu escapar
da rebelião de Alcaçuz, descreveu em detalhes como os detentos do
Pavilhão 5 conseguiram invadir a unidade vizinha e iniciar o massacre.
“Quem
estava no pavilhão 4 eles mataram e arrancaram as cabeças. Os que
conseguiram sair de alguma forma, escaparam. Quem ficou, morreu”, diz o
agente numa gravação de pouco mais de três minutos. Até o fim da noite
de ontem o governo admitia que o número de mortos era de pelo menos dez.
Um vídeo obtido pelo site de Veja, no entanto, mostra uma
carnificina com 17 vítimas.
“O número será bem maior. Mas só
vamos saber oficialmente quando o Estado decidir retomar a cadeia”, diz
uma fonte do Ministério Público, que acredita que ao menos 100 detentos
ocupavam as celas do Pavilhão 4. Somente neste domingo, depois que a
cadeia estiver retomada, será possível dimensionar o tamanho da
barbárie. No depoimento gravado, o agente conta que por volta das 16h,
logo após o encerramento do horário de visitas, presos do Pavilhão 5
começaram um motim.
Havia poucos agentes na unidade e quase
todos fugiram: “Os colegas correram e deixaram um sozinho. Ele ainda
subiu para armaria e pegou as armas para evitar que eles pegassem armas.
Ele saiu com uma mochila com calibre 12, bombas, pistolas. Conseguimos
resgatar ele antes que eles conseguissem chegar ao acesso principal do
Pavilhão 5”, conta o agente. Depois disso, oito agentes penitenciários
ficaram num hall de Alcaçuz e evitaram uma fuga em massa atirando contra
os presos: “Eles tinham alguns revólveres 38, uma pistola, mas a gente
abriu fogo e eles recuaram”, completou, revelando que os detentos do
Pavilhão 1 se juntaram à rebelião, invadindo as cozinhas, subindo nos
telhados e danificando as torres de controle.
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