São Paulo — Reportagem da revista Isto É que será publicada neste sábado aponta que, em delação premiada na Operação Lava Jato, o presidente daOdebrecht,
Marcelo Odebrecht, afirmou que o ex-presidente Luis Inácio Lula da
Silva teria recebido propina da empreiteira em dinheiro vivo.
Segundo a publicação, os repasses teriam ocorrido quando Lula não era mais presidente, com maior fluxo entre 2012 e 2013.
“Foram
milhões de reais originários do setor de Operações Estruturadas da
Odebrecht – o já conhecido departamento de propina da empresa”, diz
trecho da matéria.
Relatório da Polícia Federal divulgado no dia 24 de outubro
afirmou que Lula teria recebido R$ 8 milhões da empreiteira por suposta
participação em esquemas de corrupção. Segundo a reportagem da Isto É, o
valor repassado à Lula em espécie teria vindo desse montante.
A
revista também afirma que, na delação, Marcelo Odebrecht explica que
após sua prisão, em 2015, a empreiteira teria acionado um “esquema
interno de emergência” chamado de “Operação Panamá”.
Essa
estratégia consistia em promover uma varredura nos computadores,
identificar os arquivos mais sensíveis e enviá-los para a filial da
empresa no país caribenho.
“O objetivo era desaparecer com digitais e
quaisquer informações capazes de comprovar transferências de recursos da
empreiteira ao ex-presidente Lula”, diz a Isto É.
De acordo com a
publicação, Marcelo Odebrecht teria deixado de “resistir a entregar o
petista” porque a empreiteira “mudou de planos premida pelo instinto de
sobrevivência”.
Após essa delação, os investigadores da Lava Jato devem apurar se o suposto pagamento a Lula teria ligação com a operação desencadeada na última semana pela PF, a Operação Dragão.
Segundo
o Ministério Público Federal, os operadores financeiros Adir Assad e
Rodrigo Tacla Duran foram acusados de oferecer dinheiro em espécie para o
sistema de corrupção e lavar mais de R$ 50 milhões para empresas
investigadas na Lava Jato.
Outras citações a Lula
Entre as
delações de executivos da Odebrecht, Lula é citado ainda por Emílio
Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da empresa, e o diretor de
América Larina e Angola, Luiz Antônio Mameri, como informa a Isto É.
A
revista diz que nos depoimentos há relatos de trocas de mensagens entre
Mameri e Marcelo Odebrecht com referências da participação de Lula para
aprovação de projetos da empreiteira no BNDES.
Mameri teria
confirmado que as influências de Lula e do ex-ministro da Fazenda
Antonio Palocci teriam sido decisivas para a aprovação de projetos sem
nenhum tipo de checagem. Além das obras em Angola, Mameri teria citado
construções em Cuba.
Mais nomes na delação da Odebrecht
Segundo
a reportagem da Isto é, além de Lula, os depoimentos de Marcelo
Odebrecht devem envolver ainda Dilma Rousseff (PT), integrantes do
governo de Michel Temer (PMDB), mais de 100 parlamentares e 20
governadores e ex-governadores. Os principais partidos citados serão PT,
PMDB e PSDB.
Michel Temer foi citado ainda na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado,
que revelou uma suposta operação de captação de recursos ilícitos,
envolvendo Temer e o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), para abastecer, em
2012, a campanha do então candidato Gabriel Chalita (PMDB) para a
Prefeitura de São Paulo. Machado cita em sua delação mais de 20
políticos, entre eles José Sarney (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e Aécio Neves (PSDB).
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