De acordo com advogados do empreiteiro, ele retificou o depoimento e
afirmou ter se confundido quanto à natureza da doação, que não teria
origem ilícita. "Ele apresentou a nova versão, dizendo que se equivocou e
que, ao contrário do que disse, não houve da Andrade Gutierrez nenhum
valor de propina para a campanha presidencial de 2014.
Nem para a
Dilma, nem para o PMDB, nem para a chapa", afirmou o advogado da
campanha peemedebista Gustavo Guedes à Folha de S. Paulo. Azevedo
afirmou ainda que se confundiu, uma vez que o cheque foi emitido em nome
de Michel Temer, mas recebeu recibos eleitorais assinados pelo
tesoureiro petista Edinho Silva (eleito este ano prefeito de Araraquara,
interior de São Paulo). Ele é alvo de processo na Justiça por seu
suposto envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras.
MAIS INFORMAÇÕES
A
defesa de Dilma comemorou a retratação: "Hoje cai por terra toda e
qualquer acusação de irregularidade na arrecadação de campanha de Dilma e
Michel Temer", afirmou Flávio Caetano, advogado da petista ao jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com ele, das 25 testemunhas que depuseram até agora no
processo, só Azevedo havia confirmado pagamento de propina nas doações
eleitorais. Ainda não há prazo para que a Corte analise a ação do PSDB.
Caso a cassação da chapa ocorra após janeiro de 2017, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM), assumiria e convocaria eleições indiretas.
Caso o processo ocorra antes, serão realizadas novas eleições diretas.
Caso a chapa fosse cassada, a ex-presidenta teria seus direitos
políticos suspensos.
Agora a saga que opõe as defesas de Dilma
e Temer no TSE pode estar chegando ao fim. PT e PMDB travam embate
devido a uma ação do PSDB de 2014 que pede a cassação da chapa eleita
por, entre outros motivos, supostamente ter recebido propinas
disfarçadas de doações de campanha. Os peemedebistas alegam que as
contas de Temer deveriam ser julgadas em separado, tese que ainda deverá
ser analisada pelo tribunal. Os defensores de Dilma, reforçados pelo
cheque em nome do atual presidente, querem derrubar a interpretação,
argumentando que foi Temer e o PMDB que centralizaram parte da
arrecadação para o fundo comum da campanha.
O advogado que
representa o PSDB na ação, José Eduardo Alckmin, avaliou que o “conjunto
da obra” poderá apontar o pagamento de propinas para a campanha de
Dilma e Temer. “O fato é que houve, durante muito tempo, dinheiro de
caixa dois, inclusive abastecendo o partido de Dilma e aí, realmente,
causa a necessidade de um exame bem apurado para ver se esse dinheiro,
que nem foi contabilizado, uma parte dele, se isso não terá incidido na
campanha eleitoral".
A retratação de Azevedo não deve ser a última
feita por delatores da Lava Jato. O repórter Afonso Benites informou,
na semana passada, que delatores que omitiram informações,
propositalmente ou não, serão convocados a prestar novos depoimentos
nas próximas semanas. Entre eles estão representantes das empreiteiras Camargo Correa
e Queiroz Galvão que deixaram de detalhar supostos esquemas de propina
pagos para tocarem obras de responsabilidade dos Governos de São Paulo e
de Minas Gerais quando eram administrados pelo PSDB. Obras realizadas
nos Governos paulistas de José Serra e Geraldo Alckmin e no mineiro de Aécio Neves estariam na mira dos investigadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário