Era terça-feira, véspera do julgamento do recurso do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), em Porto Alegre. O país em transe, grudado na TV e celulares,
políticos e advogados fazendo suas apostas sobre o placar que acabaria
por selar o destino do petista. Mas Joaquim Barbosa não quis nem saber.
Aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2014, ele manteve o
hábito de ler apenas o noticiário internacional — em especial o jornal
francês “Le Monde” e o americano “The New York Times”.
O aparente desinteresse — até mesmo pelo processo que culminaria com a
condenação de um ex-presidente — escancarava a relação tensa e ambígua
de Barbosa com a política: ora tem desejo de ser protagonista do
processo eleitoral, ora repudia a ideia. O que não se altera é o cerco
que sofre de partidos políticos que o desejam concorrendo à Presidência.
E agora, com Lula em fase minguante, mais do que nunca toda gincana de
nomes para o Palácio do Planalto o envolve.
Nos últimos dois anos, Barbosa foi procurado pela Rede, de Marina
Silva. Relator do mensalão, ação penal que levou à cadeia líderes
partidários e feriu o PT, ele virou símbolo de combate à corrupção.
Recusou a investida. Hoje, flerta com o PSB. No ano passado, Marina o
procurou por intermédio de um amigo em comum: o também ex-ministro do
STF Carlos Ayres Britto. Foram muitas conversas, muitas ideias
semelhantes. Quando percebeu que seu lugar seria de coadjuvante na
chapa, Barbosa fechou as portas.
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