BRASÍLIA - Presente no jantar no Palácio do Jaburu em que foram
negociados repasses para a campanha eleitoral de 2014, o ex-diretor de
Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou em
depoimento prestado ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Herman Benjamin que o então vice-presidente Michel Temer presenciou as
tratativas realizadas na noite de 28 de abril daquele ano. No encontro
foi acertado o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB.
O depoimento de
Melo Filho, realizado nesta segunda-feira, 6, na sede do TSE, ocorreu no
âmbito da ação que investiga abuso de poder político e econômico na
campanha presidencial de 2014 e pode gerar a cassação da chapa Dilma
Rousseff-Michel Temer.
As declarações de Melo Filho se chocam com o depoimento realizado na
última quinta-feira, 2, por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa
que leva o seu nome, segundo relatos de quem acompanhou as duas
audiências. Ao depor para Benjamin, Marcelo teria dito que no momento em
que foram mencionados os valores da doações na reunião do Jaburu, Temer
não estava presente. Melo afirma, contudo, que o então vice-presidente
da República estava na sala, mas que as tratativas sobre a divisão dos
R$ 10 milhões se desenrolaram entre Marcelo e o agora ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha. Apesar da presença de Temer, Melo Filho afirma
que o peemedebista não falou em valores e que antes apenas pediu uma
ajuda para a campanha do PMDB. Segundo
Melo Filho, a ideia inicial era repassar todo o recurso para a campanha
de Paulo Skaf (PMDB), candidato ao governo de São Paulo em 2014. A
iniciativa encontrou resistência e, a partir daí, ficou acertado que R$ 6
milhões iriam para Skaf e o restante, R$ 4 milhões, para o PMDB.
O
ex-diretor não soube responder, contudo, se todo o montante destinado à
legenda era de caixa 2. Depois de fechado o entendimento no jantar do
Jaburu, Melo Filho disse que não foi falado como seria feita a
operacionalização dos repasses e que era Marcelo quem decidia sobre
isso.
Em nota, a defesa do presidente Michel Temer afirmou que, em
razão de os depoimentos no TSE serem sigilos, “somente após o término
das oitivas será possível avaliá-las adequadamente, uma vez verificadas
inúmeras contradições nas versões das testemunhas-colaboradoras”.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou na quinta-feira passada,
2, no entanto, por meio de nota, que o depoimento em que Marcelo afirma
que Temer não esteve presente nas tratativas de valores entre a empresa
e o PMDB, confirmou "aquilo que o presidente Michel Temer vem dizendo
há meses".
"Houve o jantar (entre Temer e o empresário), mas não falaram de valores durante o encontro e a empresa deu auxílio financeiro a campanhas do PMDB", diz o texto.
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