Márcio Thomaz Bastos no plenário do STF durante julgamento do mensalão:
ex-ministro propôs acordo com empreiteiras que incluía pagamento de indenização
Seis
meses após o início da Operação Lava-Jato, em setembro de 2014
advogados das maiores empreiteiras brasileiras sentaram-se à mesa do
ex-ministro da Justiça e advogado Márcio Thomaz Bastos para ouvir o seu
diagnóstico: era melhor que todos fizessem um grande acordo para tentar
encerrar as investigações. O preço era assumir a culpa em atos de
corrupção envolvendo a Petrobras e pagar uma indenização a ser rateada
entre as empresas. Algo estimado, na época, em R$ 1 bilhão, valor que
teria sido surgido a partir de conversas de Bastos com o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A proposta foi recusada.
Dois meses depois, a Polícia Federal começou a prender executivos de
empresas como Camargo Corrêa, OAS, Engevix e UTC.
Segundo os advogados que participaram das conversas disseram a’O
Globo, a oposição mais contundente veio das empresas Odebrecht, OAS e
Engevix. Bastos, ex-ministro do governo Lula, mirava o futuro pelo
espelho do retrovisor. Primeiro, conhecia o rigor do juiz da 13ª Vara
Federal em Curitiba, Sérgio Moro, de outros carnavais — principalmente
em processos que envolviam lavagem de dinheiro e corrupção. O advogado
já detectava a ação de uma força- tarefa bem articulada, com
profissionais dispostos a chegar longe. E percebeu cedo que, do Palácio
do Planalto, não viria o bombeiro (ou bombeira) disposto a apagar aquele
fogo.
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