A procuradora-geral Raquel Dodge disse, ao tomar posse, que o povo
“não tolera a corrupção”. Sua Excelência está certa, mas na frase faltou
um pedacinho que lhe daria mais precisão: o povo não tolera “a
corrupção dos outros”.
O problema não somos nós, mas aqueles safados que
condenamos.
Uma entidade séria, a Transparência Internacional, em pesquisa agora
divulgada, mostrou que 11% dos brasileiros admitiram pagar propina para
ter acesso a serviços públicos como saúde, educação, segurança, emissão
de documentos. Detalhe interessante: a pesquisa se realizou na época do
impeachment da presidente Dilma Rousseff, com manifestações de massa
contra a corrupção do Governo. Petrolão, não; mas tudo bem molhar a mão.
As respostas positivas, em que tanta gente confessa não apenas seu
hábito de transgredir a lei como o desprezo pelos que protestam contra
isso, são obviamente verdadeiras: ninguém mente ao confessar que age
fora da lei.
Portanto, se as autoridades pensam ter apoio do povo para
combater os atos mais comuns de corrupção, podem ir desde logo mudando
de ideia.
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