A Copa do Mundo de 2014,
realizada no Brasil, já completa dois anos e a fatura dos custos pela
sua realização continua chegando. Depois da promessa de que o evento
esportivo deixaria um legado para o país, a única herança mais palpável
por ora são as dívidas acumuladas por cidades sede, além das citações de
desvios de dinheiro nas investigações da Lava Jato em ao menos metade
das cidades sede. Neste momento, está em curso uma negociação do Governo Temer com os governadores dos Estados que possuem estádios considerados elefantes brancos, construídos para o evento, e que hoje estão sem público.
Se analisados valores nominais, Mato Grosso será o principal beneficiado pela possível renegociação junto ao BNDES. Só ao Governo Federal o Estado ainda deve 998 milhões de reais. Tem ao menos 20 obras que deveriam ser entregues até maio de 2014, mas até agora ainda estão em andamento. A situação é tão crítica que o governador do Estado na época, o Silval Barbosa (PMDB), está preso desde setembro do ano passado porque é suspeito de chefiar um fraudulento esquema de concessão de incentivos fiscais a empresas responsáveis por tocarem diversas obras, entre elas algumas que seriam específicas para o torneio de futebol.
No pacote de generosidades de Temer, divulgado nos últimos dias, havia a possibilidade de ajudar todos os 12 Governos que contraíram empréstimos para realizar obras para o Mundial de futebol. A questão ainda não está fechada porque representantes da equipe econômica e de governos locais, que não seriam tão beneficiados, reclamaram de mais uma benesse que o peemedebista pretende fazer a menos de dois meses antes da votação do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff (PT) pelo Senado Federal.
Lava Jato
Nas delações feitas até agora para a Lava Jato, saltam suspeitas de desvios de dinheiro em pelo menos seis das 12 cidades sedes. Além do Maracanã, já houve menção a desvio de dinheiro nas obras Arena das Dunas (RN), Itaquerão (SP), Arena Pernambuco (PE), Mané Garrincha (DF), Arena Amazônia (MA). O processo ainda está em investigação mas ao jogar luz sobre a corrupção que pode ter inchado os orçamentos das obras da Copa fica claro que o legado que o evento deixou para o país está muito distante da euforia que suscitou em 2008 quando o Brasil foi confirmado como país sede do Mundial.
Com informações de María Martín, do Rio de Janeiro
Os empréstimos e os estádios da Copa
Cidade | Estádio | Ocupação | Média Público | Empréstimo* | %paga |
Rio de Janeiro | Maracanã | 31% | 24.700 | 1,4 bilhão | 37,5 |
Natal | Arena das Dunas | 25% | 7.800 | 973 milhões | 45,8 |
Fortaleza | Castelão | 28% | 19.000 | 1,7 bilhão | 51,9 |
Cuiabá | Arena Pantanal | 13% | 5.300 | 2,3 bilhões | 58,2 |
Curitiba | Arena da Baixada | 31% | 13.200 | 988 milhões | 62,2 |
Belo Horizonte | Mineirão | 45% | 27.600 | 2,2 bilhões | 62,5 |
Recife | Arena Pernambuco | 24% | 11.000 | 678 milhões | 67,9 |
Porto Alegre | Beira Rio | 37% | 19.100 | 678 milhões | 67,9 |
Manaus | Arena da Amazonia | 31% | 13.500 | 1 bilhão | 71,2 |
Brasília | Mané Garrincha | 20% | 14.300 | 2,7 bilhões | 86,5 |
São Paulo | Arena Itaquera | 68% | 33.200 | 6,9 bilhões | 88,2 |
Salvador | Fonte Nova | 30% | 14.200 | 983 milhões | 92,7 |
Fonte: Governo Federal
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