SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro
voltou a afirmar que as escutas telefônicas do ex-presidente Lula podem
ser usadas nas investigações contra o petista. Em petição encaminhada na
quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), Moro rebateu as
acusações dos defensores de Lula que afirmam que o juiz autorizou o uso
provas anuladas pelo ministro Teori Zavascki nas investigações contra o
petista na Operação Lava-Jato.
Nas
últimas semanas, os advogados de Lula entraram com medidas judiciais em
Brasília e em Curitiba para tentar tirar as ações das mãos de Moro.
Eles acusam o juiz de ser parcial e pedem que ele se declare suspeito de
julgar casos contra o ex-presidente. Eles alegam que o levantamento do
sigilo de conversas interceptadas de Lula configurou abuso de
autoridade.
Moro afirma que
ao contrário do que acusam os advogados de Lula, ele só autorizou o uso
das interceptações de pessoas sem a prerrogativa de foro, como determinou
Zavascki quando anulou as gravações envolvendo a presidente afastada
Dilma Rousseff e o ex-presidente:
“Em
nenhum momento, há qualquer autorização deste Juízo, ao contrário do
que parece sugerir o reclamante (Lula), para investigação de autoridades
com foro por prerrogativa de função”, afirma Moro explicando:
“
Quanto aos diálogos interceptados do ex-Presidente com autoridades com
prerrogativa de função, é evidente que somente serão utilizados se
tiverem relevância probatória na investigação ou na eventual imputação
em relação ao ex-Presidente, mas é evidente que, nesse caso, somente em
relação ao ex-Presidente e associados sem foro por prerrogativa de
função”.
Para Moro, é “prematura” a afirmação de que serão de fato utilizados.
A
defesa de Lula tenta anular gravações de conversas mantidas com
diversos políticos, dirigentes partidários e sindicais nas investigações
da Lava Jato. Na semana passada, os advogados protocolaram uma
reclamação no STF afirmando que há "usurpação de competência" por Sérgio
Moro, juiz que conduz a Lava Jato na primeira instância e para onde já
foram enviados diversas gravações de Lula que estavam em poder do STF.
A
defesa alega que Moro retirou o sigilo das gravações de forma indevida,
já que havia autoridades com o chamado foro privilegiado nas conversas,
como o ex-ministro Jaques Wagner (na época na Casa Civil), por exemplo,
que só podem ser investigadas pelo Supremo. Mesmo assim, diz a defesa,
Moro também incluiu o material em investigações na própria Justiça
Federal.
As investigações
contra Lula voltaram às mãos de Moro no dia 22 de junho. Lula é suspeito
de receber favores indevidos de construtoras investigadas na Operação
Lava-Jato. As investigações apuram se o ex-presidente ocultou a
propriedade desses dois patrimônios.
Agência O Globo
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