BRASÍLIA – A ministra Rosa
Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de dez dias para a
presidente afastada Dilma Rousseff explicar declarações recentes de que o
processo de impeachment aberto contra ela é um golpe de estado. Dilma
não é obrigada a responder o ofício. A decisão foi tomada a pedido de um
grupo de deputados, por meio da Procuradoria Parlamentar da Câmara.
Eles entraram no STF com uma interpelação judicial contra a presidente
afastada. A depender da resposta, se houver, os deputados avaliarão se
vão processar Dilma por algum crime.
A
ministra deixou claro que a decisão não significa nenhuma reprimenda à
presidente afastada. “O ato judicial que analisa a interpelação criminal
não emite juízo de valor sobre o conteúdo debatido, uma vez que
representa típica providência de contenção cognitiva”. A ação foi
ajuizada pelos deputados Júlio Lopes (PP-RJ), Carlos Sampaio (PSDB-SP),
Pauderney Avelino (DEM-AM), Rubens Bueno (PPS-PR), Antônio Imbassahy
(PSDB-BA) e Paulo Pereira da Silva (SD-SP).
Os
parlamentares querem que a presidente afastada confirme, oficialmente,
que é vítima de um golpe. Querem também que ela especifique quais atos
compõem o suposto golpe. E, ainda, quais são os responsáveis pela
eventual ilegalidade. Segundo os deputados, Dilma feriu a imagem da
Câmara em suas declarações recentes. A acusação, para o grupo, é “algo
de gravidade ímpar, sobretudo, ao se levar em consideração a recente
história nacional e as possibilidades de ruptura que declarações desse
jaez podem trazer à sociedade brasileira”.
Na
ação, os deputados transcrevem uma coletânea de declarações recentes de
Dilma em entrevistas afirmando que o processo de impeachment é golpe.
Também ressaltaram que a presidente afastada fez discurso oficial no dia
1º de maio para denunciar o suposto golpe – uma palavra que ela teria
dito 15 vezes na ocasião – e se defender das acusações que pesam contra
ela.
“É deveras espantoso que
a interpelada, no uso da importante posição de presidente da República,
incumbida do dever constitucional de promover o bem geral do povo
brasileiro, não adote a cautela necessária às suas falas públicas e, ao
contrário do que recomenda o bom senso, faça uso de expressões dúbias,
vagas e imprecisas, insinuando em favor da ocorrência de um golpe no
Brasil”, diz a ação da oposição. Para os parlamentares, as declarações
de Dilma provocam “uma crise institucional que agrava a situação
brasileira e leva ao cenário internacional uma condição de desrespeito
às instituições pátrias”.
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