Câncer é a doença que mais amedronta brasileiros; ela surge de mutações genéticas que transformam células em tumores (Foto: Pixabay/Creative Commons/Qimono)
Nas décadas de 1980 e 1990, um mal pouco conhecido passou a assombrar
o mundo e intrigar os cientistas: a Aids, causada pelo vírus HIV.
Altamente letal à época, a nova doença se tornou um pesadelo. O filósofo
Michel Focault, o ator Rock Hudson, o cantor brasileiro Cazuza e o
lendário roqueiro Freddie Mercury foram apenas algumas das celebridades
que morreram em decorrência dela.
Mas três décadas depois do surto inicial, as perspectivas de vida de
um portador do vírus do HIV são bem diferentes das daqueles tempos. A
eficiência dos coquetéis antirretrovirais é comprovada pelos números –
no Brasil, o índice de mortalidade caiu mais de 42% nos últimos 20 anos,
e a epidemia é considerada estabilizada. Hoje, a doença que mais
assusta os brasileiros não é mais a Aids – e sim o câncer.
Segundo pesquisa do instituto Datafolha, esse é o diagnóstico que 76%
das pessoas mais temem ouvir – é visto por elas praticamente como uma
“sentença de morte”. Só entre o ano passado e o atual, a estimativa era
de que 600 mil novos casos surgissem no Brasil.
Mas diferentemente do senso comum, os tratamentos já evoluíram
bastante, a ponto de João Viola, pesquisador do Inca (Instituto Nacional
do Câncer) desde 1998 e chefe da divisão de pesquisa experimental e
translacional do órgão, dizer que “a grande maioria dos cânceres são
curáveis”. “Hoje a gente tem capacidade de curar doentes.
Esse estigma, a gente tem que combater”, afirma em entrevista à BBC Brasil.
Esse estigma, a gente tem que combater”, afirma em entrevista à BBC Brasil.
Por outro lado, ressalta ser difícil poder falar em “cura definitiva”
quando se trata da doença, já que ela pode ser extinta em um órgão e
voltar em outro. Até por isso, os cientistas trabalham para torná-la
“controlável” – assim como é a infecção pelo HIV hoje.
“É muito difícil falar em cura porque, uma vez que você tem, precisa
estar sempre em vigilância. Mas o que a gente está prevendo é que, em 15
ou 20 anos, o câncer vai ser a mesma coisa que a Aids. O paciente fica
em tratamento-controle por muito tempo, e aí vira uma doença crônica.
Isso é bem plausível, bem possível.”
Leia os principais trechos da entrevista, na qual Viola fala sobre a
evolução no tratamento da doença e as perspectivas sobre seu futuro. CLIQUE AQUI
G1
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