A Lava Jato começou a declinar em novembro de 2015, quando se soube
da operação em que um filho do ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró gravara conversas com Delcídio do Amaral, líder do governo
Rousseff no Senado.
Nas gravações, o senador petista aparecia como pivô de uma trama
mirabolante. Tentava dissuadir Cerveró da delação, oferecendo em troca
influência no Supremo para soltá-lo e a ajuda de um banqueiro, André
Esteves, para tirá-lo do país.
O pacote chegou à corte constitucional e embasou a primeira prisão de
um senador no exercício do mandato sob a Carta de 1988. O banqueiro foi
detido em Bangu pela simples menção a seu nome, sem ter participado das
conversas gravadas.
O episódio marcou a eclosão de uma inovação na era das delações.
Delinquentes cercados por investigadores não estavam mais restritos a
registros do passado para negociar benefícios penais. Poderiam produzir
provas novas, atraindo interlocutores graúdos para suas teias e
documentando na surdina a reação das presas.
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