- Raniery Soares/Futura Press/Estadão Conteúdo
O juiz Sérgio Moro decretou o bloqueio de até R$ 50 milhões dos dois operadores do PMDB, os lobistas Jorge e Bruno Luz,
e de Apolo Santana Vieira, apontado como um dos donos do jatinho que se
acidentou com o então candidato a presidente Eduardo Campos em 2014, e
de 19 empresas pertencentes aos investigados, que são acusados de
intermediar propinas na Petrobras por meio de contas no exterior.
O bloqueio foi determinado no dia 15 de fevereiro, na mesma decisão em que o juiz da Lava Jato
decretou a prisão preventiva de Jorge e seu filho Bruno Luz, que
deixaram o Brasil rumo aos EUA e não voltaram, e também autorizou 15
mandados de buscas e apreensões nas companhias dos investigados.
"Considerando os indícios do envolvimento dos investigados em vários
episódios de intermediação de propina e de lavagem de dinheiro, resolvo
decretar o bloqueio das contas dos investigados até o montante de
cinquenta milhões de reais", assinalou Moro apontando que "a medida é
ainda mais necessária diante dos indicativos de que Jorge Antônio da
Silva Luz e Bruno Gonçalves Luz evadiram-se do país, já que "pelo menos
deve-se evitar a dissipação de seus ativos".
Bruno Luz deixou o
Brasil em 16 de agosto do ano passado e não há registro de retorno. Seu
pai Jorge Luz deixou o Brasil no dia 11 de janeiro último. Para o juiz
da Lava Jato, os indícios da Procuradoria contra os dois apontam que
eles teriam uma "atuação criminal profissional".
"A dimensão e o
caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de
vantagem indevida a diversos agentes públicos, pelo menos dois diretores
e dois gerentes da Petrobras, em pelo menos cinco contratos diferentes
da empresa, aliada à duração da prática delitiva por anos e a
sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas secretas
em nome de off-shores no exterior [cinco já identificadas, sendo quatro
comprovadamente utilizadas para repasses de propinas], é indicativo de
atuação criminal profissional", assinala o juiz da Lava Jato.
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'Dedicação profissional'
Para o juiz da Lava Jato, o empresário Apolo Santana Vieira também
teria uma atuação semelhante. "Há, em cognição sumária, prova documental
de seu envolvimento em um dos fatos delitivos, com recebimento,
ocultação e dissimulação de cerca de US$ 510 mil em propinas acertadas
nos contratos de fornecimento de navios-sondas à Petrobras", aponta o
magistrado.
Segundo Moro, "assim como Jorge Antônio da Silva Luz
e Bruno Gonçalves Luz, há indícios de que se dedica profissionalmente à
lavagem de dinheiro e intermediação de propinas a agentes públicos".
No caso dele, o juiz da Lava Jato chegou a decretar a prisão
preventiva, mas acabou revogando após o Ministério Público Federal pedir
a reconsideração da medida alegando que o empresário está negociando um
acordo de colaboração premiada.
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