POR Gisele Sousa Dias -
As argentinas aparecem em
segundo lugar em um ranking de consumo de sexo on-line. Perdem para as
brasileiras.
Buenos Aires, 03 de agosto de
2015
Há poucos anos, um estudo da
Universidade de Ohio colocou em números o que na vida parecia evidente: o
homem pensa em sexo pelo menos 19 vezes por dia, o dobro que as mulheres. A
lógica então seria pensar que os homens passam mais tempo assistindo pornografia
na internet do que as mulheres. No entanto, isso não é o que está acontecendo
no universo do pornô on-line: segundo um relatório do Pornhub, o site com
maior quantidade de vídeos pornô da internet, as mulheres assistem cada vez
mais pornografia e, quando o fazem, ficam um pouco mais de tempo diante da
tela. Elas destinam uma média de 10 minutos e 10 segundos para assistir a um
vídeo pornô e eles só chegam aos 9 minutos e 22 segundos.
Em setembro, o site Pornhub (só
em 2014 foram vistos 78,9 trilhões de vídeos pornô no site) mediu pela
primeira vez as preferências das mulheres. O relatório "What women
want" ("O que as mulheres querem") mostrou as argentinas em
segundo lugar no ranking mundial de consumo de sexo on-line: 28% dos cliques
da Argentina eram de usuários registrados como mulheres.
Leia também: COMO LIDAR COM UM CÔNJUGE VICIADO EM PORNOGRAFIA
Novos números
Agora esse dado foi atualizado:
as argentinas mantêm a segunda colocação (a primeira é compartilhada pelas
filipinas e as brasileiras), mas a proporção de mulheres que assistem a
pornografia subiu dois degraus e chegou a 30%. Aqui as mulheres também destinam
um pouquinho mais de tempo que eles: 8 minutos e 13 segundos (quase um minuto
a mais do que na medição anterior) contra os 8 minutos e 4 segundos dos
homens. A Rússia é o único país onde as mulheres têm sessões quentes mais
curtas do que as dos homens.
Agora, vejamos, o que mudou
para que cada vez mais mulheres estejam assistindo a pornografia? Por um
lado, é porque a internet dá essa possibilidade. "Antes da popularização
da internet, para consumir pornô era necessário deslizar até a última estante
do videoclube, passar imagens descoloridas com corpos nus, escolher uma que
interessasse e levar a chapinha ou a caixa do VHS ao balcão, dar o número de
cliente (às vezes associado ao nome dos pais) e levar o filme. Para as
mulheres isso sempre foi uma altíssima barreira de acesso", diz Gino
Cingolani Trucco, pesquisador das novas representações na pornografia (UBA).
"Com a internet e o computador ou os celulares ao alcance da mão, o
consumo de pornografia acontece de forma muito mais casual, privada e orientada
não já ao que existe nas estantes, mas a uma biblioteca de Babel infinita de
pornografia para (quase) todos os gostos".
Plataforma
Tanto é assim, que no caso do
consumo de pornografia feminina já ocorre um fenômeno muito interessante.
"É a curadoria digital de pornografia por parte de mulheres. As que usam
plataformas web como Tumblr (que não são orientadas à pornografia, mas que a
permitem) para abrir espaços na internet onde republicam a pornografia com a
qual se estimulam, para que outras mulheres a consumam como um trampolim para
pesquisar do que é que elas gostam", diz Cingolani Trucco.
Que outros fatores mudaram para
incluir a mulher na pornografia? A expansão da sexualidade feminina:
"Nos últimos cinco anos a evolução das mulheres a respeito do contato
com a sexualidade se expandiu enormemente. Antigamente, o conflito que
chegava ao consultório era sobre questões genitais, como o rendimento do
homem ou o orgasmo. Agora elas vêm consultar sobre o desejo, porque as
mulheres já não ficam tranquilas tendo sexualidade sem desejo, como
antigamente", diz a psicóloga e sexóloga Adriana Arias.
"Por isso,
agora assistir a pornografia e fazer pornografia caseira é uma indicação
médica. Porque é estimulante, porque ensina, porque permite experimentar mais
coisas vendo-as. Agora é mais fácil porque a pornografia evoluiu para
formatos com os quais as mulheres se sentem mais à vontade: corpos mais
reais, mais relato, mais prévia e menos planos ginecológicos".
Leia também: O QUE VOCÊ TEM A OFERECER AO SEU MARIDO QUE A PORNOGRAFIA NÃO TEM: UMA MENSAGEM ÀS MULHERES
Mas isso não significa que
agora a pornografia seja soft e romântica: é pornografia, mas o polo de
atração nem sempre é uma mulher/fêmea. "Os filmes com enredo, a
genitalidade sugestiva e as fantasias a três já circulam normalmente. Até
aparecem atores que fazem as delícias das garotas. Como James Deen, que
poderia ser de Hollywood, só que não. Um ator, o preferido delas, que se
apresenta cheio de carne e sempre pronto para a ação, mas ostentando ares de
galã de marca de cuecas", diz Hernán Panessi, autor do livro Porno
Argento! Historia del Cine Nacional Triple X.
"Às vezes, as máximas
funcionam: agora, mais do que nunca, a pornografia é para todos e todas".
Leia mais: |
http://www.clarin.com/br/As-mulheres-assistem-pornografia-homens_0_1405659617.html
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