dw.com - Após deflagrar a operação Boca
Livre, que investiga fraudes na Lei Rouanet, a Polícia Federal (PF)
informou nesta terça-feira (28/06) que os desvios de recursos federais –
que podem chegar a 180 milhões de reais – em projetos culturais com
benefícios de isenção fiscal previstos na lei ocorrem desde 2001. Ainda
segundo a PF, o Ministério da Cultura pode ter facilitado o esquema de
fraudes.
"O fato é que houve
no mínimo uma falha de fiscalização por parte do ministério. A
investigação é quem vai determinar se houve isso", afirmou o delegado
regional Rodrigo Campos Costa, acrescentando que as irregularidades eram
evidentes, com documentos fraudados de forma grosseira.
Segundo
a denúncia, eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas
privadas, livros institucionais e até uma festa de casamento foram
custeados com recursos da Lei Rouanet. As fraudes incluem a não execução
de projetos, superfaturamento, notas fiscais de serviços ou produtos
fictícios, projetos simulados e duplicados, além da promoção de
contrapartidas ilícitas às incentivadoras.
Assim
como a Polícia Federal, o Ministério Público também cita "supostas
facilitações" dentro do Ministério da Cultura para a realização dos
desvios.
"Quem captava
dinheiro era um grupo com supostas facilitações no âmbito do Ministério
da Cultura, que não só propiciava as condições ideais para aprovação
desses projetos forjados, como também exercia uma fiscalização pífia ou
nenhuma de forma dolosa para que esses projetos plagiados, repetidos,
não fossem identificados como tais", declarou a procuradora Karen Louise
Jeanette.
A operação foi
iniciada pela PF na madrugada desta terça-feira, em ação conjunta com a
Controladoria-Geral da União, cumprindo 14 mandados de prisão temporária
e 37 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito
Federal.
A ação investiga
mais de dez empresas patrocinadoras que recebiam os valores captados com
a Lei Rouanet e ainda faturavam com a dedução fiscal do imposto de
renda. Estima-se que mais de 250 projetos tenham tido seus recursos
desviados.
Segundo a Folha de S. Paulo,
entre os alvos está o Grupo Bellini Cultural, que atua há 20 anos no
mercado e é acusado de ser o principal operador do esquema.
Os
responsáveis responderão por crimes como organização criminosa,
peculato, estelionato contra a União, crime contra a ordem tributária e
falsidade ideológica. A pena pode chegar a 12 anos de prisão.
Criada
em 1991, a Lei Rouanet permite a captação de recursos para projetos e
ações culturais em troca de incentivos fiscais a cidadãos e empresas que
tenham interesse em patrociná-los. Atualmente, mais de 3 mil projetos
são apoiados por ano por meio desse mecanismo.
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