Em mais um editorial sobre a
crise política brasileira, o jornal Le Figaro afirma nesta segunda-feira
(4) que "a salvação do Brasil passa pela queda de Dilma". O diário
francês, de tendência conservadora, traça um quadro sombrio da situação
econômica, política e social do país, mas destaca que a atual espiral
negativa, embora gravíssima, pode ser superada.
No cenário global, de acordo com Le Figaro,
o Brasil ainda conserva inúmeras vantagens competitivas: "tem um
mercado de 210 milhões de habitantes, riquezas naturais, um excelente
posicionamento para responder à demanda mundial e uma relativa proteção
diante das ameaças estratégicas que emanam do terrorismo islamita". lém
disso, possui US$ 370 bilhões em reservas e tem condições de acompanhar o
crescimento da China, Rússia e Turquia. Porém, para ser bem-sucedida, a
democracia brasileira necessita superar "o teste decisivo da
polarização da opinião pública, a decomposição do sistema político e as
ameaças ao estado de direito", avalia o diário.
Le Figaro
faz duras críticas aos governos dos "últimos dez anos", que teriam
criado um ciclo de crescimento sob bases frágeis. Isso faz com que,
hoje, o Brasil esteja enfrentando "desastres em cadeia". A "calamidade"
mais recente é a epidemia do zika e seus 5 mil bebês portadores de
microcefalia, afirma o jornal.
"Deriva populista" de Dilma e Lula coloca o país em risco
Se
por um lado é fato que a desaceleração econômica da China, primeiro
parceiro comercial do país, e a queda nos preços do petróleo pegaram o
Brasil na contramão, o governo "sacrificou os investimentos para
alimentar o consumo", fomentando "um sistema de transferência de
riquezas digno de um estado de bem-estar social europeu" − sem meios
para sustentá-lo a longo prazo. Le Figaro critica a falta de
política industrial, a baixa produtividade e um sistema de previdência
social insustentável, que "prevê aposentadoria aos 54 anos, em média,
para uma expectativa de vida de 75 anos".
"O
naufrágio de Dilma e o desejo de Lula de concorrer às eleições de 2018
são sinais de uma deriva populista que poderia arruinar o Brasil",
adverte Le Figaro. Isto "em um momento onde a Argentina de
Maurício Macri rompe com a demagogia dos Kirchner", adotando reformas
liberais. "A destituição da presidente Dilma Rousseff constitui a
primeira etapa da reestruturação Brasil; quanto mais rápido isso
acontecer, será melhor", conclui o diário.
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