BRASÍLIA - No momento em que a
Câmara discute o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
por pedaladas fiscais de 2015, o Senado aprovou nesta quinta-feira a
Medida Provisória que liberou R$ 37,6 bilhões para o pagamento das
chamadas pedaladas fiscais de 2014 e seu estoque do ano passado. Tais
manobras contábeis foram o estopim para o pedido de afastamento da
presidente. O pagamento das pedaladas fiscais foi determinado pelo
Tribunal de Contas da União (TCU), em decisão de abril de 2015. A MP foi
editada em dezembro e já estava em vigor, ou seja, os pagamentos já
foram feitos — ao BNDES, FGTS e ao Ministério das Cidades, por causa de
passivos no programa Minha Casa, Minha Vida. Mas, como houve alterações
no texto original, a proposta agora vai à sanção da presidente.
A
oposição reclamou que a MP era para "tapar o buraco das pedaladas
fiscais", mas aprovou a proposta mesmo assim. Na Câmara, a oposição quer
a aprovação do impeachment por pedaladas fiscais de 2015. Mas o pedido
de impeachment cita apenas as pedaladas referentes ao Plano Safra,
envolvendo o Banco do Brasil. O presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), disse que sempre ressaltou que o pedido não se basearia
nas contas de 2014 e sim em atos cometidos em 2015.
—
Trata-se de tapar o buraco das pedaladas fiscais. Aqui está o
comprimento do rombo que foi feito com as pedaladas fiscais, que é
motivo, inclusive, para um pedido de impeachment da presidente
Dilma. Mas, em nome da responsabilidade que sempre permeou os nossos
gestos, em nome do compromisso do Brasil, que sempre presidiu as nossas
atitudes, o PSDB encaminhará o voto "sim" a esta medida provisória,
sobretudo pelo repasse de recursos ao Ministério da Saúde — disse Cássio
Cunha Lima.
— A oposição
fica num dilema: atendemos à questão legal, ou vamos atender ao
dinheiro, para combate o vírus Zika? — acrescentou José Medeiros
(PSD-MT).
O senador Lindbergh
Farias (PT-RJ) ironizou a posição da oposição, lembrando que no
processo não estão as pedaladas citadas na MP.
— Fico impressionado como a oposição consegue, em todas as discussões, até numa medida provisória, puxar o debate para o impeachment e para as pedaladas fiscais. O único fato das pedaladas é Banco do Brasil e Plano Safra — disse Lindbergh Farias.
O
líder do PSDB reagiu, lembrando que poderia evitar a aprovação se
pedisse verificação de quorum, porque havia poucos presidentes:
— Quer que eu peça verificação de votação? Eu faço isso. Não há Estou ajudando, estou contribuindo para aprovar.
A
votação da MP, que sofreu mudança ao passar pela Câmara no texto
original gerou polêmica no plenário do Senado. A oposição disse que
aprovaria apesar de ser pedaladas, porque havia ainda recursos para o
Ministério da Saúde, para o combate ao virus Zika.
O
governo pagou o total de R$ 37,6 bilhões, sendo R$ 10,99 bilhões
relativo ao passivo da União junto ao FGTS; R$ 15,1 bilhões devidos pelo
Tesouro ao BNDES; e R$ 8,9 bilhões à pasta das Cidades, por conta do
Minha Casa, Minha Vida. "A relevância e urgência da matéria
justificam-se, no que tange aos Ministérios do Trabalho e Emprego e das
Cidades e de Encargos Financeiros da União, em decorrência da
necessidade de pagamento de passivos e valores devidos, no presente
exercício, em consonância com as determinações presentes no Acórdão nº
825, de 15 de abril de 2015, confirmado pelo Acórdão nº 992, de 29 de
abril de 2015, ambos do Plenário do Tribunal de Contas da União", disse o
governo.
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