Integrantes do grupo mais próximo de Michel Temer consideraram que o conteúdo do áudio ajudará a o vice a conquistar votos de parlamentares ainda indecisos sobre o impeachment de Dilma Rousseff. “Não foi pré-concebido. Não se tinha pretensão de fazer isso, mas eu penso que no final acabou sendo bom. O fato não é o vazamento, mas o que ele (Temer) pensa, o resto é detalhe”, afirmou ao Estado o vice-presidente do PMDB e braço direito de Temer, Eliseu Padilha.

O Palácio do Planalto e o PT, no entanto, duvidam que a divulgação do áudio em que o vice fala como se a abertura do processo de impeachment já tivesse sido aprovada pela Câmara foi acidental. Os petistas compararam o caso a outros erros políticos protagonizados pelo peemedebista, como o vazamento da carta endereçada à Dilma em dezembro do ano passado e a decisão de não prorrogar a saída do PMDB do governo, em março deste ano.

Auxiliares de Dilma e dirigentes do PT avaliam que a divulgação do áudio foi uma tentativa “desesperada” do vice de se viabilizar como alternativa à Dilma diante da opinião pública na reta final da votação do impeachment. Para o grupo do vice, o “pronunciamento” serviu para se esclarecer algumas dúvidas sobre um possível “governo Temer”. “Quem não ouviu que ouça. Neste momento está sendo votado o impeachment com grandes chances de ser aprovado. Todos os brasileiros de todos quadrantes querem saber, mas, afinal, e esse Michel Temer, o que ele pensa sobre os programas sociais, sobre os partidos políticos, sobre um governo de coalizão? Todo mundo quer saber isso”, ressaltou.

Outros aliados disseram que a gravação mostra que o vice estaria pronto para buscar a “reunificação” do País caso o pedido de impedimento de Dilma passasse na votação dos deputados e que não teria o condão de causar prejuízo político ao peemedebista. Dois assessores ligados ao PMDB fizeram questão de dizer que não houve “jogada ensaiada” na divulgação do áudio. Uma fonte disse que a gravação é uma espécie de reflexão inicial.