Depois
de ser condenado no caso do tríplex, Lula ampliou sua liderança na
corrida presidencial. O novo Datafolha mostra o petista isolado na
frente, com pelo menos 35% das intenções de voto. É mais que o dobro do
segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro.
A rejeição ao ex-presidente também recuou. A fatia de eleitores que
dizem não votar nele de jeito nenhum caiu de 46% para 42%. É um
percentual alto, mas não significa que ele seja um rival fácil de ser
batido no segundo turno. Pelo contrário: se a eleição fosse hoje, Lula
vence todas todos os adversários que se apresentam como pré-candidatos.
Seria a pesquisa dos sonhos para o PT se não fosse por um detalhe.
Nada menos que 54% dos brasileiros defendem que Lula seja preso. Ele já
foi sentenciado a nove anos e meio, mas recorre em liberdade. Além
disso, é réu em outras seis ações penais.
Não se sabe quantos entrevistados leram as 238 páginas da primeira
sentença de Sergio Moro. Admitindo-se que o grupo seja residual, a
maioria formou sua opinião com base em dois fatores: o noticiário de
Curitiba e a torcida contra o ex-presidente.
Aqui surge a segunda contradição da história. Muitos eleitores cruzam
os dedos para que Lula seja preso e assim fique longe do Planalto. No
Congresso, antipetistas profissionais dizem que o raciocínio está
errado. Nove entre dez tucanos preferem ver o ex-presidente condenado,
porém em casa. Na cadeia, ele reforçaria o discurso de perseguição
política, com altos dividendos eleitorais.
Vistos em conjunto, os números indicam que a sociedade continua
fortemente polarizada em torno do petista. Isso sugere que uma eleição
com Lula arrisca terminar em impasse. Se ele for preso, uma fatia
expressiva da população pode questionar a legitimidade do pleito. Se for
eleito sem derrubar a condenação na Justiça, outro grupo considerável
pode contestar sua vitória. Não é um cenário animador para a democracia,
seja qual for o lado do eleitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário