As
rajadas, breves ondas de rádio que atingem a atmosfera terrestre em
frequência irregular, se caracterizam por cargas extremamente pequenas
de radiação e costumam durar menos do que um piscar de olhos. Elas podem
emitir num milissegundo a mesma quantidade de energia que o Sol emite
em 10 mil anos.
Somente há pouco mais de quatro anos os astrônomos
conseguiram medir as rajadas com precisão. Uma equipe liderada pela
pesquisadora Laura Spitler, do Instituto Max-Planck para Radioastronomia
em Bonn, na Alemanha, analisou o fenômeno ocorrido no dia 2 de novembro
de 2012, utilizando o radiotelescópio de grande porte Arecibo, em Porto
Rico.
Desde 2007, 18 rajadas rápidas de raio foram registradas,
mas apenas a observada pela equipe de Spitler ocorreu de forma repetida.
Mas, um problema ainda permanecia: a curta duração do fenômeno tornava
difícil estabelecer a origem das ondas de rádio.
Recentemente,
Spitler – junto a uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Cornell, nos Estados Unidos – encontrou uma indicação importante sobre a
origem do fenômeno numa distante galáxia anã. Segundo o estudo
publicado pela Nature, a origem do fenômeno estaria a cerca de três bilhões de anos-luz da Terra.
Os
astrônomos utilizaram o radiotelescópio Very Large Array ("Espectro
muito amplo", em tradução livre) do observatório de radioastronomia Karl
G. Jansky, no estado americano do Novo México. Não se sabe ainda,
porém, que processo numa galáxia anã produz rajadas de radiação tão
fortes. Os astrônomos especulam que elas resultem de uma fusão de duas
estrelas de nêutrons ou ainda sejam geradas por um buraco negro de
grandes proporções.
A descoberta, ainda que não esclareça por
completo o fenômeno, elimina definitivamente uma teoria que circulava
nos meios científicos: alguns pesquisadores acreditavam que a origem das
rajadas estaria na nossa galáxia, a Via Láctea. Mas, como observou
Casey Law, astrônomo da Universidade de Berkeley e coautor do estudo,
"isso [as rajadas] não é algo que ocorre em nosso quintal".
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