A delação do lobista da Odebrecht Claudio Melo Filho
ajuda a elucidar a relação próxima entre o esquema petrolão e os
governos petistas. Um dos aliados mais fiéis da ex-presidente Dilma
Rousseff, Jaques Wagner, teve um grande espaço no depoimento dado à força-tarefa da Lava Jato, que VEJA publica na edição atual. Segundo o delator, os agrados ao politico baiano foram de propinas a relógios caríssimos.
Segundo Melo Filho, o ex-ministro da Casa Civil
de Dilma recebeu 3 milhões de reais, “de forma oficial e via caixa
dois”, em 2006, quando venceu a disputa pelo governo da Bahia. Entre
agosto de 2010 e março de 2011, o departamento de propina da Odebrecht
repassou 7,5 milhões de reais ao petista, em dez parcelas.
Já
em 2012, como presente de aniversário, Wagner ganhou da empreiteira um
relógio Hublot, modelo Oscar Niemeyer, com a imagem do Congresso
Nacional estampada no fundo, cujo valor é estimado em 20 000 dólares. A Odebrecht
também lhe deu um relógio Corum, que custa cerca de 4 000 dólares, e,
em 2014, financiou a campanha de Rui Costa ao governo baiano. Costa, que
venceu o páreo, era o candidato de Wagner.
De acordo com Melo
Filho, a generosidade era mútua. Como governador, Wagner atendeu a uma
série de demandas da Odebrecht. Nomeado para a chefia da Casa Civil de
Dilma, Wagner fez gestões para acalmar empreiteiros em apuros e tentar
conter o avanço da Lava Jato. Diz o ex-executivo da empreiteira:
“Enquanto Jaques Wagner era ministro, mantivemos uma reunião junto com
Emílio Odebrecht para que o Emílio reforçasse a ele a importância de que
existisse uma medida legislativa de urgência cuidando da possibilidade
de que empresas fizessem acordos de leniência”. A legislação foi editada
sob medida para a empreiteira, mas acabou naufragando com a prisão dos
seus executivos.
“Repare: eu era muito amigo de Claudio Melo, que é
gostador de relógio. Posso ter ganho esse relógio, mas desconheço esses
pagamentos de caixa dois. Não existe isso”, explicou Jaques Wagner, o
“Polo”.
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