Caju, Primo, Angorá, Corredor, Misericórdia, Gripado… Para dissimular os subornos que pagou durante anos a políticos brasileiros, a empreiteira Odebrecht
tinha um sistema de apelidos. Essa não é a parte mais importante da
confissão feita há duas semanas por um executivo da companhia acusado de
corrupção; o relevante é que, depois desta, ainda sairão as denúncias
de outros 76 diretores.
A Delação do fim do mundo, como ficou conhecida, já estremeceu os alicerces da política brasileira
pela enorme quantidade de políticos atingidos.
Mas os apelidos são o aspecto que mais deu o que falar nas redes
sociais. O corpulento deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA) é o Gigante.
Heráclito Fortes (PSB-PI), que tem uma dessas caras com mais mandíbula
que testa, e de quem, quando grita na tribuna da Câmara, só se vê uma
boca desmedida, é o Boca Mole. Paes Landim (PTB-PI), que completa 80 anos em março, é o Decrépito. Há um Campari, como a bebida, um Botafogo, como o time, e um Babel. E, acima de tudo, há Inaldo Leitão.
Este ex-deputado federal (PL-PB) acusado de ter recebido 100.000 reais em propinas era só mais um na lista. Há políticos suspeitos de terem recebido quantias bem maiores, e outros que foram mais rápido em negar as acusações (todos, afinal, negaram). Mas Leitão acabou sendo o protagonista da semana passada por ser o único a ter desmentido também o apelido. Foi ao Facebook dizer, sobre a alcunha de Todo Feio, “que não é assim”. E argumentou que o executivo da Odebrecht que o acusou é mais corrupto e ainda por cima mais feio que ele próprio, e por isso mereceria o apelido de Todo Horroroso.
A
mensagem viralizou nos primeiros dias após a divulgação da megadelação
da Odebrecht porque muita gente acha que o apelido é de fato adequado à
aparência de Inaldo Leitão. Há também uma senadora, Lídice da Mata
(PSB-BA), chamada de Feia, mas ela não se pronunciou a
respeito. Passados poucos dias do seu momento de glória, Leitão eliminou
seu perfil no Facebook. Quando se aproxima o fim do mundo, tudo o que o
corpo pede é uma distração.
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