BRASÍLIA – O ministro Marco
Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), explicou que a decisão
tomada nesta terça-feira(5) determinando que o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abra processo de impeachment contra o
vice-presidente Michel Temer deve ser cumprida imediatamente. Segundo o
ministro, se houver descumprimento da liminar, Cunha poderá ser
enquadrado em crime de responsabilidade.
—
É impensável que não se observe uma decisão do Supremo. A decisão não é
do cidadão Marco Aurélio, é do Supremo e deve ser observada. (Se houver
descumprimento) é crime de responsabilidade e sujeito a glosa penal
—disse, completando: — Eu ainda acredito que o presidente Eduardo Cunha
cumprirá imediatamente e reconhecerá o valor dessa decisão. Quando se
inobserva (decisão judicial) é porque as coisas não vão bem.
O ministro se recusou a responder as críticas de Cunha à liminar:
— Não, de forma alguma. Eu reconheço o direito de espernear.
Marco
Aurélio disse que, se Cunha apresentar vários recursos ao STF, como
anunciou que faria, outro ministro da Corte não pode derrubar a decisão
dele. O relator disse que, se houver agravo à liminar, ele deve levar o
caso ao plenário do tribunal na próxima semana.
—
A autofagia não pode ocorrer. Mas, acima de qualquer dos integrantes do
Supremo, está o plenário. Interposto o agravo, eu levarei
imediatamente, depois de ouvir o agravado (o advogado que apresentou a
ação ao STF) — disse. —Todos sabem que eu não sento em cima de processo.
Processo para mim não tem capa, tem estritamente conteúdo.
Diante
da liminar, Cunha ameaçou abrir todos os pedidos de impeachment que
chegam à Câmara – que, hoje, são dezenas. Marco Aurélio disse que isso
seria legítimo.
— Esse grande número só sinaliza uma coisa: que nós estamos vivendo uma época de crise muito aguda.
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