A aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados neste domingo (17.abr.2016) não é o final do processo, mas apenas o início de uma longa transição política.
O possível sucessor da petista, o vice-presidente da República, Michel Temer, do PMDB, assumirá em condições adversas. As crises política e econômica não vão se dissipar automaticamente.
O impeachment não funciona como um interruptor que, ao ser acionado, muda o clima do país da noite para o dia. Haverá algum oxigênio imediato, mas a recuperação da confiança por parte dos agentes econômicos e financeiros é um processo mais lento.
Se e quando vier a assumir o Palácio do Planalto –a decisão ainda depende de uma batalha no Senado–, o vice-presidente terá pouco tempo para mudar o clima entre o governo e o restante da sociedade.
Esse prazo é difícil de ser mensurado, mas é improvável que a boa vontade de praxe concedida a novos governantes exceda, no caso de Michel Temer, mais do que 2 a 3 meses. É nesses cerca de 90 dias que o eventual novo presidente terá de executar duas missões principais:
1) Pacificar o Congresso: é preciso melhorar a relação entre o Planalto e uma base de apoio composta por senadores e deputados. Hábil negociador e talhado para o diálogo, Temer pode ter sucesso inicial nesse desafio. Mas terá de equilibrar a política de ajuste fiscal (necessária na economia) com o apetite voraz dos congressistas por cargos e verbas;
2) Estabilizar a economia: o desemprego continua em alta. A inflação está contida momentaneamente pelo pior dos fatores: a recessão. O problema é que a inflação passada pressiona várias categorias de trabalhadores a fazer movimentos por mais reajustes salariais –isso significa que o Brasil pode conviver com greves nos próximos meses.
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