O avanço da Operação Acrônimo fez a Polícia Federal chegar ao núcleo
de confiança da presidente Dilma Rousseff, o que virou mais uma fonte de
preocupação em meio ao debate sobre o impeachment. Em depoimentos
prestados na tentativa de fechar uma delação premiada, Danielle
Fonteles, dona da Pepper Comunicação Interativa, que prestava serviços
ao PT, contou detalhes que implicam o governador de Minas, Fernando
Pimentel (PT), amigo e ex-ministro de Dilma, e deu informações sobre seu
relacionamento com Giles Azevedo, um dos assessores mais próximos da
petista.
O temor do governo é que o escândalo já desvelado pela
Acrônimo chegue à antessala do gabinete presidencial num momento em que o
aparato oficial reforça o discurso de que Dilma não teve envolvimento
pessoal em casos de corrupção. Além de revelar pagamento de caixa 2 na
campanha da presidente em 2010, conforme fontes que acompanham o caso, a
empresária também forneceu dados sobre a campanha de 2014 que estão
sendo analisados pelos investigadores.
A empresária também revelou
detalhes que reforçam as suspeitas de envolvimento de Pimentel e Mauro
Borges, seu sucessor no cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, com um suposto esquema de venda de portarias para a
montadora CAOA. Conforme a Acrônimo, há indícios de que a indústria
automotiva fez pagamentos para empresas de Benedito Oliveira, o Bené,
apontado como operador de Pimentel, em troca de benefícios do programa
Inovar Auto. Tanto Pimentel quanto Borges negam irregularidades.
Proximidade.
A Pepper foi a responsável pela propaganda da presidente na internet em
sua primeira candidatura do Planalto. Na corrida pela reeleição, embora
não fosse contratada da coligação da petista, trabalhava para o PT como
responsável pelas páginas de Dilma no Facebook e no Twitter.
Danielle
é investigada na Acrônimo, que inicialmente focou no esquema de
corrupção no BNDES e no Ministério do Desenvolvimento Indústria e
Comércio, comandado por Pimentel de 2011 a 2014. Além de Pimentel, entre
os alvos está a mulher dele, Carolina Pimentel. A PF descobriu que a
primeira dama de Minas tinha uma parceria com a empresa de Danielle, o
que ampliou as investigações nos negócios da Pepper.
Nas últimas
semanas, a empresária prestou uma série de depoimentos com o objetivo de
tentar um acordo de colaboração. A PF sustenta já ter elementos para
indiciar Pimentel por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. O governador nega envolvimento em
irregularidades.
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