O corpo da mulher libera naturalmente um líquido em momentos
específicos do seu ciclo menstrual - mais especificamente no período
fértil, na fase pré-menstruação e durante a menstruação - chamado de
muco. Os sinais enviados por esta secreção são tão certeiros que alguns
países utilizam o muco como método contraceptivo totalmente natural.
Os
médicos australianos Dr. John e Dra Evelyn Billings, desenvolveram o
"método de ovulação", que consiste em evitar relações sexuais nos
períodos férteis - descobertos apenas pelos sinais apresentados no muco
vaginal. Afinal, não é possível engravidar se o espermatozoide não
encontrar óvulo na trompa uterina - algo que só acontece durante o
período de ovulação da mulher.
Os 3 diferentes tipos de muco e seus significados
Antes
de você entender os diferentes tipos de mucos, é importante compreender
seu ciclo menstrual - que não deve ser confundido com a menstruação. O
ciclo menstrual ocorre ao longo de um mês inteiro e começa a ser contado
no primeiro dia que você menstrua.
O tempo ideal e comum de um
ciclo é exatamente 28 dias, assim como a fase da lua. No entanto, em
algumas mulheres o ciclo pode ocorrer em um intervalo de tempo um pouco
maior ou menor.
O ciclo menstrual é dividido em três fases e em cada uma o corpo da mulher produz um tipo diferente de muco. Veja abaixo.
1 - Muco da fase folicular sinaliza período não-fértil
Nesta fase é possível observar um muco meio pastoso, sem muita consistência e elasticidade, sinalizando um momento não-fértil.
Ela ocorre aproximadamente no 14º dia após a menstruação e tem esse
nome por conta do hormônio folículo-estimulante (HFS), que estimula o
crescimento de folículos no ovário.
A cada ciclo menstrual um
desses folículos entra em atividade com o hormônio HFS, que vai
amadurecendo para posteriormente dar origem ao óvulo. Enquanto isso
acontece no ovário, lá no útero a camada interna começa a crescer e
ficar mais espessa. Como dizem popularmente, vai "preparando o bercinho"
para um possível embrião, o que acontece graças ao aumento do hormônio
estrogênio. No entanto, este hormônio ainda não está no seu ápice, pois
na fase folicular é liberado apenas um pouquinho dele.
2 - Muco da fase ovular sinaliza período fértil
A fase ovular sinaliza o período fértil da mulher. Neste período, o corpo sinaliza isso por meio de um muco
clarinho, parecendo clara de ovo. Este fluido é bastante elástico e
demora para arrebentar quando você o coloca entre os dedos e afasta um
do outro, como na foto abaixo.
Nesse período existe
também um outro muco, sem consistência, que parece água. Ao passar o
dedo na vagina, ela estará constantemente umidificada, quase que
lubrificada. Levando em conta a sobrevida do espermatozoide,
existe certa possibilidade de engravidar enquanto o corpo da mulher está
produzindo este muco, mas ainda não é o ápice da fertilidade - este só
ocorre quando o muco passa a ter as características apresentadas na foto
acima.
Nesta fase, o folículo - que começou a crescer na fase
anterior, a folicular - se desenvolve completamente e dá origem ao
óvulo. O momento que identifica o final da fase folicular e o início da
fase ovular é a liberação do hormônio luteinizante (LH), que estimula o
rompimento do folículo e a liberação do óvulo, que será direcionado para
a trompa do útero. Agora o estrogênio está no seu ápice, sendo
responsável pelo aumento do desejo e liberação de feromônio, que é
exalado pelos poros e atrai o sexo oposto, deixando-o mais envolvido e
excitado.
Apesar do período fértil ter mais de um dia no aspecto
emocional - no qual a mulher apresenta mais libido e sedução, cabelos
sedosos, pele corada, entusiasmo, vontade de se divertir e paquerar,
além de outros sinais únicos femininos - a ovulação em si só ocorre em
um período de 24 horas. Depois disso, o óvulo começa a se degenerar e
não é mais possível fecundá-lo. No entanto, alerto que, para evitar uma
gravidez, a mulher não deve focar apenas na prevenção durante o período
exato de ovulação.
Como o tempo de vida do espermatozoide é de, no
máximo, 72 horas (3 dias), ele pode sobreviver na trompa uterina -
mesmo que a ejaculação no canal vaginal ocorra fora do período fértil - e
fecundar o óvulo em seguida, quando o óvulo maduro for liberado no
período da ovulação. Portanto, o ideal é levar em conta uns quatro ou
sete dias de período fértil, por questão de segurança. Caso saiba o dia
exato fértil, previna a ejaculação no canal vaginal três dias antes
desta data.
Já se sua intenção é engravidar, esses são os dias ideais.
Melhor ainda seria se o seu parceiro conseguisse ficar alguns dias sem
ejacular, para que no ato ele libere a maior quantidade possível de
esperma.
* Como calcular o período fértil?
Se
o seu ciclo menstrual é regular e tem 28 dias, normalmente a sua
ovulação e o seu muco vão aparecer no 14º dia do seu ciclo. Caso
contrário, ele tende a aparecer entre o 11º e o 16º dia do ciclo. Neste
período, é importante que a mulher passe o dedo na vagina para observar e
fique atenta ao muco que aparecerá na sua. Vale lembrar que a vagina
não secreta esta substância o tempo todo, então é importante observar
mais de mais de uma vez durante o dia. Se nao notar nenhum fluido pela
manhã, por exemplo, repita a análise à noite.
3 - Fase lútea libera muco mais opaco e espesso
Depois
do tempo de ovulação, o folículo começa a se desintegrar e liberar
hormônios, virando o que chamamos de corpo lúteo, cujas células produzem
estrogênio e uma quantidade alta de progesterona. Cerca de duas semanas
após a ovulação, os níveis de progesterona caem e aquela camada grossa
do útero começa a se descamar, dando início à menstruação, ou seja ao
início de um novo ciclo.
No início da descamação um novo muco vaginal irá sinalizar uma pré-menstruação. Este muco possui cor mais opaca e sua textura é espessa, assemelha-se a um creme hidratante. Se colocá-lo entre os dedos, não tem nada de elástico.
Além do muco sinalizar o período do seu ciclo, ele também tem a função de facilitar ou dificultar a locomoção do espermatozoide. Quanto mais espesso, maior a dificuldade do espermatozoide se locomover, morrendo rapidamente.
Como avaliar o seu muco?
O
melhor período para avaliar o muco vaginal é pela manhã. Durante a
madrugada - quando a mulher está dormindo e relaxada - o corpo trabalha
melhor e, com isso, os hormônios do ciclo menstrual ficam bastante
atuantes, assim como a progesterona, que causará a produção de um muco
vaginal espesso. Portanto, assim que acordar, introduza o dedo bem no
fundo da vagina e tente molhá-lo no colo do útero (final da vagina e
começo do útero). Depois disso, avalie.
Outra forma de avaliar é ao secar a vulva com papel higiênico, após urinar.
Veja
qual desses métodos de avaliação é mais fácil para você, afinal,
algumas mulheres possuem mais muco que outras, tornando mais fácil ou
mais difícil a percepção.
Algumas mulheres não apresentam muco
Quando
a mulher possui um ciclo menstrual muito curto, como de 25 dias, por
exemplo, ou ainda quando ela menstrua durante muitos dias (por exemplo,
mais de 7), não é possível observar o muco. Nesses casos, os últimos
dias de menstruação praticamente coincidem com o período fértil,
impedindo a observação, já que o resto de menstruação se mistura com o
surgimento do muco.
Muco é diferente de corrimento vaginal?
Não
é errado se referir ao muco como "corrimento vaginal", já que este
também é um tipo de fluido produzido pela vagina. O nome correto dado ao
corrimento - aquele que representa alguma disfunção no organismo - é
"leucorreia".
A forma mais fácil de diferenciar o muco vaginal da
leucorreia é através dos sintomas que aparecem junto com o corrimento,
como, por exemplo: cheiro forte, irritação, ardor, vermelhidão ou
comichão na vagina ou vulva.
A causa do corrimento (leucorreia)
está relacionada com alguma doença ginecológica ou irritação. Além
disso, após a menopausa a mulher também pode apresentar corrimento, por
conta da atrofia do útero.
A vagina possui um PH ácido para se
defender de agentes nocivos que vêm de fora e entram na vagina durante o
sexo ou até mesmo por higienizar de forma errada a vulva após urinar.
Com essa acidez vaginal, as bactérias não sobrevivem. No entanto, alguns
maus hábitos como, por exemplo, usar sabonete de corpo na vulva,
alteram o PH e retiram a proteção da vagina, fazendo com que bactérias e
fungos se proliferem com maior facilidade. Isso pode gerar infecções ou
inflamações, que dão origem à produção de secreção, que é a leucorreia -
popularmente conhecida como corrimento vaginal.
Doenças que causam corrimento vaginal (leucorreia)
Veja abaixo alguns exemplos de doenças íntimas que geram a produção de corrimento vaginal:
- Candidíase: a cândida é um fungo natural da flora vaginal, mas qualquer desarranjo do organismo, como uso excessivo de antibióticos, muito estresse, diabetes, traumas, excesso de lubrificação e alteração da flora vaginal com a gestação, podem ocasionar a proliferação deste fungo e gerar a candidíase. Tipo de corrimento: se assemelha à nata de leite, é espesso e esbranquiçado, que pode ser comparado também ao queijo cottage.
- Gonorreia ou Clamídia: doença sexualmente transmissível (DST), causada pelas bactérias "neisseria gonorrhoeae" e "chlamydia trachomatis". Ambas causam infecção do colo do útero, causando corrimento vaginal. Tipo de corrimento: amarelo turvo e mucopurulento.
- Tricomoníase: também é uma DST causada por um protozoário chamado "trichomonas vaginalis". Pode se apresentar assintomática por muito tempo. Tipo de corrimento: quando apresenta corrimento é do tipo fino e amarelado ou esverdeado.
- Vaginose bacteriana: essa é a maior causa de corrimento, ocorre através de uma infecção por qualquer tipo de alteração da flora vaginal normal, resultando na redução das bactérias boas da vagina, que protegem-na das bactérias nocivas. Neste caso, a diminuição de lactobacillus faz com que a acidez diminua e as bactérias se proliferem mais, portanto a dica é usar sabonete íntimo com lactobacillus na fórmula. Tipo de corrimento: fino e acinzentado, com odor muito forte, comparado muitas vezes ao cheiro de "peixe".
- Alergia: pode ocorrer pelo uso de lubrificantes, camisinhas, perfumes, espermicidas, sabonetes, produtos de higiene íntima ou produtos sensuais e até pelo sêmen do parceiro. Tudo isso pode causar uma reação de inflamação, gerando o corrimento vaginal. Tipo de corrimento: branco, parecendo pus.
Outras
causas menos comum do aparecimento de corrimento são: câncer no colo do
útero, herpes genital, infecção por HPV, camisinha perdida no canal
vaginal ou restos de produtos eróticos de fabricação ruim ou pequenos
pedaços de algodão de absorvente interno. Tudo isso pode gerar inflamação e infecção, causando corrimento.
Como identificar o corrimento pela cor e aspecto
O
corrimento vaginal acontece por conta de alguma alteração na vagina,
seja por bactérias, fungos, inflamação, infecção ou doença. Saiba
identificar os diferentes tipos:
- Marrom: resto de menstruação, ou início do período menstrual, sangue coagulado por traumas ou infecções, câncer ginecológico (mais raro) ou início de gravidez.
- Amarelado: geralmente é sinal de infecção ginecológica. Se for o caso, costuma vir associado a sinais de mau cheiro, coceira, ardência.
- Branco: pode ser muco vaginal, como já explicado. Mas se vier associado a sintomas e for constante dia após dia, pode ser candidíase.
- Cor de rosa: início de menstruação ou de gravidez ou pós-parto.
Após
identificar que está com corrimento e não muco vaginal, é necessário
que faça uma consulta médica, para que o ginecologista colete o
corrimento no colo do útero e faça uma investigação microscópica e
cultura desta amostra.
Como prevenir o surgimento de corrimento vaginal?
Não
há um tratamento geral para corrimento, pois é preciso descobrir suas
causas e tratá-las individualmente. Mas é possível prevenir o
aparecimento deste problema indesejável. Veja abaixo como.
Higiene íntima para saúde genital
Lave a genital com sabonete íntimo, e não com sabonete comum.
Neste caso, é preciso encontrar o produto ideal para você, pois enquanto
algumas mulheres tem PH mais ácido e se adaptam a qualquer sabonete
íntimo, outras são mais alcalinas e têm maior facilidade de irritação. A
ideia é que avalie qual produto se adequa exatamente às necessidades do
seu organismo.
Mantenha a região íntima sempre sequinha:
após o banho e urinar, seque bem. Se houver extrema umidade genital -
como nos casos de gestação e de candidíase - seque a vulva com o próprio
secador de cabelo, mas é preciso que o aparelho esteja no modo frio.
Evite usar desodorantes íntimos molhados, de preferência opte pelos que possuem jato seco.
Sabe aquela indicação de que a calcinha de algodão é a melhor pedida para a saúde intima? Nem sempre é verdade. O
algodão retém líquido, portanto, mulheres muito úmidas ou com
candidíase devem optar por ficar o maior tempo possível sem calcinha ou
optar por calcinhas sintéticas e evitar calça jeans. O ideal é usar diversos tipos de lingerie e observar qual sua genital se adapta melhor.
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