O relator do processo de impeachment no Senado, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresentou um relatório a favor de que a presidente afastada, Dilma Rousseff, passe pelo julgamento final no plenário da Casa.
De
acordo com o calendário definido no fim de semana pelo presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a etapa final
começaria em 29 de agosto e a expectativa é que durasse até 5 dias.
O
Planalto tenta, contudo, articular uma antecipação para 25 de agosto, a
fim de não comprometer a participação do presidente interino, Michel Temer, em uma reunião do G20, marcada para o início de setembro.
O
presidente da comissão do impeachment, senador Raimundo Lira (PMDB-PB),
afirmou que senadores do PMDB irão se reunir com Lewandowski no fim da
tarde desta terça feira (2) para discutir o assunto.
No
texto com 441 páginas, lido nesta tarde na comissão do impeachment,
Anastasia considera procedente a acusação de crime de responsabilidade
pelas abertura de créditos suplementares por decretos presidenciais sem
autorização do Congresso Nacional e pelas pedaladas fiscais, atrasos de repasses do Tesouro Nacional ao Banco do Brasil no Plano Safra.
Sobre
os decretos, o tucano alegou que Dilma desrespeitou a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) ao contar com uma meta fiscal que ainda
não havia sido aprovada pelo Congresso. "Trata-se de conduta grave, que
atenta não apenas contra a responsabilidade fiscal, mas principalmente
contra as prerrogativas do Congresso Nacional. Embora a política fiscal
seja executada pelo Poder Executivo, ela somente se legitima pela
aprovação do Poder Legislativo, que é o representante maior da sociedade
brasileira", argumenta Anastasia.
Quanto às pedaladas, o relator destacou que o laudo pericial constatou ter sido uma operação de crédito.
"A gravidade dos fatos constatados não deixa dúvidas quanto à existência não de meras formalidades contábeis, mas de um autêntico “atentado à Constituição”."
Responsável pela defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo,
lembrou que o Ministério Público determinou o arquivamento da
investigação por entender que não houve crime de responsabilidade.
Os
senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
apresentaram um voto em separado, contrário à continuidade do
impeachemnt. O texto contudo, não deve ter efeitos práticos, uma vez que
a tendência é que o colegiado vote com Anastasia.
Próximos passos
Em
12 de maio, o Senado aprovou, por 55 votos a 22, a admissibilidade do
processo de impeachment. Começou então a "pronúncia", etapa
intermediária em que os integrantes da comissão ouviram depoimentos de
testemunhas e solicitaram documentos. Também nesta fase, foram entregues
as alegações finais da acusação e da defesa.
O
parecer do tucano deve ser apreciado na próxima quinta-feira (4) e será
então submetido ao plenário principal do Senado, independentemente de
ter sido aprovado ou rejeitado pelo colegiado. A previsão é de que isso
aconteça na próxima terça-feira (9).
No
plenário, é necessária maioria simples para que Dilma seja submetida a
julgamento final. Nesta etapa, presidida pelo presidente do Supremo, são
necessários 54 votos para que a petista seja afastada definitivamente.
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