O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou
nesta terça (23) que integrantes do Ministério Público Federal devem
"calçar as sandálias da humildade".
Classificou ainda de "cretino"
quem criou proposta de combate à corrupção defendida pelo juiz Sergio
Moro e pelo coordenador da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan
Dallagnol.
"É aquela coisa de delírio. Veja as dez propostas que
apresentaram. Uma delas diz que prova ilícita feita de boa fé deve ser
validada. Quem faz uma proposta dessa não conhece nada de sistema, é um
cretino absoluto. Cretino absoluto. Imagina que amanhã eu posso
justificar a tortura porque eu fiz de boa fé", disse o ministro.
Mendes
refere-se ao pacote de projetos de lei entregue ao Congresso por
integrantes do Ministério Público Federal em março com mais de dois
milhões de assinaturas de apoio. O pacote propõe a adoção de novos
instrumentos de investigação para combater a corrupção. Um dos
principais entusiastas das chamadas "dez medidas contra a corrupção" é o
procurador Deltan Dallagnol.
Um dos tópicos do texto
flexibilizaria a utilização de provas obtidas ilicitamente, desde que
não haja má fé por parte do investigador que a colheu. A proposta em
questão tem apoio de Sergio Moro, responsável pela Lava Jato. O
magistrado saiu em defesa da medida, por exemplo, quando participou de
audiência na Câmara, no último dia 4.
Assim como disse à Folha de
S.Paulo, Mendes voltou a criticar a decisão do Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot, de suspender as negociações de um acordo de
delação premiada com ex-executivos da empreiteira OAS após vazamento de
detalhes confidenciais.
"Não acho que seja o caso suspender a
delação ou prejudicar quem esteja disposto a contribuir à Justiça. Tenho
impressão de que estamos vivendo momento singular [...] Depois, esses
falsos heróis vão encher os cemitérios, a vida continua", afirmou o
ministro.
Na opinião de Mendes, os investigadores foram os
responsáveis pelo vazamento de informações publicadas pela revista
"Veja" revelando que o ministro do STF Dias Toffoli foi mencionado em
depoimento de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
"E as
investigações do vazamento daquelas prisões preventivas, onde estão? Já
houve conclusão? O resumo da ópera é: você não combate crime cometendo
crime. Ninguém pode se achar o 'o' do borogodó. Cada um vai ter seu
tamanho no final da história. Um pouco mais de modéstia, calcem as
sandálias da humildade", criticou Mendes, referindo-se aos
investigadores
Com informações da Folhapress.
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