A vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, foi
exonerada do cargo nesta terça-feira (30), após a divulgação de um vídeo
em que aparece em uma manifestação contra o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Nas
imagens exibidas pela TVT, a TV dos Trabalhadores, ligada à Centra
Única dos Trabalhadores (CUT), a procuradora aparece usando óculos
escuros com uma faixa escrito "Fora, Temer. Contra o golpe".
O episódio foi revelado pela Veja.com, a quem Ela Wiecko disse não ver problemas em participar da manifestação e que era alvo de um "patrulhamento".
“Estava
de férias, em um curso como estudante. Não posso pensar nada? Não posso
ter liberdade de manifestação? Isso é um pouco exagerado. Fui discreta,
estava junto, e não tive protagonismo maior”, afirmou.
Questionada
sobre o processo de afastamento da petista, a procuradora disse que "do
ponto de vista político, é um golpe, é um golpe bem feito, dentro
daquelas regras. Isso a gente vê todo dia, é parte da política”.
A jurista disse ainda não se sentir confortável com a gestão interina de Michel Temer,
opinião compartilhada por outros membros do Ministério Público, de
acordo com ela. "Estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo
no Brasil. Não me agrada ter o Temer como presidente. Ele não está
sendo delatado? Eu sei que está."
As imagens do protesto foram
registradas durante uma viagem a Portugal e na companhia do acadêmico
Boaventura de Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra, de
acordo com a Veja.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
recebeu o pedido de exoneração hoje, que será publicado no Diário
Oficial. Como ela é funcionária de carreira, será realocada para outra
função.
Número dois da PGR desde 2013, a procuradora foi escolhida
para o posto por Janot e já integrou a lista tríplice de candidatos ao
posto máximo do Ministério Público. Atualmente, conduz a “Operação
Acrônimo”, cujo principal alvo é o governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel, do PT.
Funcionária concursada do Ministério Público
Federal desde 1975, Ela Wiecko construiu uma trajetória de luta pelos
direitos humanos.
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