Em delação premiada, tornada pública pelo
Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, 2,, o ex-diretor da
Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) afirmou que em 2009 o então
presidente Lula escalou o ex-senador José Eduardo Dutra (PT/SE) para
'esvaziar' a Comissão Parlamentar de Inquérito aberta para investigar
desvios na estatal petrolífera.
Dutra havia sido presidente da
Petrobrás (2003/2005), no primeiro mandato do petista. Ele havia
exercido o mandato de senador pelo partido entre 1995 e 2003. Entre 2010
e 2011 presidiu o PT. Dutra morreu em 2015, aos 58 anos.
"Em
2009, foi instalada no Congresso Nacional uma CPI sobre a Petrobrás",
relatou Cerveró, no dia 7 de dezembro de 2015. "Na época, José Eduardo
Dutra era o presidente da BR Distribuidora. Em razão da CPI, o
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a José
Eduardo Dutra a missão de participar do 'esvaziamento' da CPI da
Petrobrás.
"Segundo o delator, José Eduardo Dutra - embora não
fosse mais senador - 'era muito bem conceituado como politico, tendo
facilidade de diálogo, inclusive com a oposição, apesar de ser do
PT'."Que, então, para cumprir essa missão, José Eduardo Dutra deixou a
presidência da BR Distribuidora", afirmou Cerveró.
Outro delator
da Lava Jato, o engenheiro Paulo Roberto Costa - ex-diretor de
Abastecimento da Petrobrás - revelou aos investigadores que mandou pagar
R$ 10 milhões a um dos integrantes da CPI, o ex-senador Sérgio Guerra
(PSDB), morto em 2014. A CPI foi encerrada em 18 de dezembro de 2009.
Guerra era um dos onze integrantes da comissão - três eram da oposição e
acusaram, na ocasião, o governo de impedir as apurações.
Ao ser
instalada, a CPI mirava sete empreendimentos da Petrobrás, entre eles as
obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - primeiro alvo da
força-tarefa da Lava Jato na Petrobrás.
A revelação de Cerveró
sobre o suposto empenho de Lula em 'esvaziar' a CPI da Petrobrás está no
Termo de Colaboração 11/12, que aborda especificamente o tema
'indicação para a Diretoria da BR Distribuidora e distribuição de
atividades na BR Distribuidora'.
Nesse trecho de sua delação,
Cerveró contou que em 2008 foi exonerado da Diretoria Internacional da
Petrobrás, mas em razão de ter viabilizado a contratação da Schahin como
operadora da sonda Vitória 10.000 - quando ainda ocupava aquele posto -
'havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores para com o
declarante'.
Cerveró apontou detalhes desse capítulo emblemático
do PT, alvo de uma das etapas da Operação Lava Jato - o empréstimo de R$
12 milhões, que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, tomou
junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004.Segundo Bumlai, o PT foi o
destinatário final do montante. A Polícia Federal e a Procuradoria da
República sustentam que, em troca, o Grupo Schahin ganhou contrato com a
Petrobrás de US$ 1,6 bilhão, em 2009, para operar o navio sonda Vitória
10.000."Essa contratação objetivava a quitação de um empréstimo do PT,
perante o Banco Schahin, garantido por José Carlos Bumlai", afirmou
Cerveró. "Como reconhecimento da ajuda do declararante nessa situação, o
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o
declarante parra uma diretoria da BR Distribuidora, a Diretoria
Financeira e de Serviços."
COM A PALAVRA, O INSTITUTO LULA:
Nenhum comentário:
Postar um comentário