Faz
parte do tradicional vocabulário do futebol a expressão “embolou o meio
campo”, característico da referência a uma partida onde nenhum dos
times sabe o que fazer, todos chutando para a frente, para trás e para o
alto. Sem qualquer plano, estratégia ou organização, costumam oferecer à
torcida lamentável espetáculo esportivo onde a característica é o
empate sem gols nem aplausos.
Pois estamos assistindo a um jogo marcado pelo meio campo embolado e
pleno de vaias e apupos. A referência vai para os atuais 180 dias onde
se debate o impeachment, seja para afastar Dilma Russeff, seja para
consolidar Michel Temer. Tudo pode acontecer, desde a primeira semana
onde se comemorou a degola de Madame, até os dias atuais onde se ignoram
os rumos do ex-futuro novo presidente. Um ou dois votos de senadores os
separam: ou Dilma volta ao palácio do Planalto ou Michel acorda do
sonho de completar o mandato da companheira de chapa. Haverá uma
terceira opção, fortalecida de domingo para hoje: nenhum dos dois,
prevalecendo a sugestão de novas eleições presidenciais diretas até o
fim do mês.
Enfim, a confusão muito parecida com a de uma partida onde os dois
times entram em campo divorciados da bola, furada ou isolada, incapaz de
chegar às redes.
Tudo pode acontecer, desde a vitória de uma das equipes até o zero a
zero no tempo normal e a decisão nos penalties. Quem sabe o cancelamento
do campeonato? Ou a expulsão dos 22 pernas-de-pau?
Avolumam-se as tendências pelo inusitado. Dilma repudiada por sua
torcida, Temer sem chuteiras. Sobra a alternativa: novas eleições sem
nenhum dos dois em campo. E a grande dúvida: Lula, Aécio, Alckmin,
Serra… envolvidos, Barbosa e Moro.
Por Carlos Chagas
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