A salvação pode ser perdida?
Aquele que acredita na doutrina da predestinação fatalista responderá que não. Aquele que crê na doutrina do livre arbítrio responderá que sim. Agora, existem aqueles que não acreditam numa predestinação absoluta, mas acreditam que quando alguém é salvo está salvo para sempre. Este último grupo acha que quando alguém aceita a Jesus Cristo, mesmo que se desvie e peque, não perderá a sua salvação e mais cedo ou mais tarde voltará para o Evangelho. Eles acreditam que aqueles que vão para o inferno nunca experimentaram a salvação. É uma doutrina que tem base bíblica, mas vamos analisá-la detalhadamente à luz de vários textos.
Antes de tudo temos que entender que todo ser humano comete pecado. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23). Se dissermos que não temos pecado enganamos a nós mesmos e não há verdade em nós (I Jo 1:8). A maioria das pessoas tem um conceito precipitado sobre a salvação bíblica. Muitos acham que quando pecam o Espírito Santo se retira. Para quem tem este conceito, que leia Ef 1:13, onde diz: “... E, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Quando a Bíblia usa o termo selo, está se referindo que fomos comprados. Selo é símbolo de propriedade. Na mesma carta, Paulo diz que estamos selados para o dia da redenção (Ef 4:30). Isto significa que somos do Senhor até o dia do arrebatamento, e deste momento em diante estaremos para sempre com o Senhor.
Aqueles que foram escolhidos por Deus para a salvação não serão desamparados, mesmo que pequem. O Senhor disse que não nos deixaria e nem nos desampararia (Hb 13:5). Aquele que está verdadeiramente em Deus não vive pecando (I Jo 3:6), pois Deus opera nele tanto o querer como o efetuar (Fp 2:13). Não há base bíblica para dizer que o Senhor se retira de nós quando falhamos. A promessa de Jesus para os salvos é esta: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora” (Jo 6:37). O Senhor Jesus sabe que nenhum homem é perfeito e garantiu que jamais lançaria um dos seus fora. Então fica claro que um salvo não perde a salvação. Salvação não é como uma chave ou objeto que podemos perder. O sacrifício de Jesus não é momentâneo, mas eterno. Com um só sacrifício Jesus aperfeiçoou para sempre os que são santificados (Hb 10:14). Temos esta garantia de que não perderemos nossa salvação, pois aquele que em nós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo (Fp 1:6). Se Ele aperfeiçoará é porque ainda não está perfeita. Esta obra que ainda não está perfeita é a igreja, que só será aperfeiçoada completamente no momento do arrebatamento.
Vejamos o exemplo de Davi. Em 2 Sm 11 está relatado os dois crimes que ele cometeu: Um adultério e um homicídio. Ele era um homem que tinha suas mulheres e não precisava ter tomado uma mulher casada para si. Bate-Seba, uma mulher muito linda, estava tomando banho e Davi a viu nua da sacada do seu palácio. A visão o agradou e ele mandou chamar Bate-Seba para a possuir sexualmente. Avisaram a Davi que ela era casada, mas ele não quis saber. A conseqüência foi que a mulher engravidou. O rei Davi mandou chamar Urias, o esposo de Bate-Seba, deu-lhe bastante vinho até ele ficar bastante alcoolizado. Depois ele, sutilmente, mandou Urias ir para sua casa e ficar com sua linda mulher. Davi fez isto para Urias dormir com sua esposa e pensar que o filho era seu. Acontecendo isto, os problemas de Davi estavam terminados e ninguém saberia que o filho era seu. Mas Urias não quis ir para a sua casa, pois achava injusto estar com sua maravilhosa esposa enquanto seus amigos estavam na guerra. Davi, vendo que ele não queria passar a noite com ela, Bate-Seba, mandou uma carta para Joabe para deixar Urias na frente do exército e morrer. O incrível é que Davi mandou esta carta pelas mãos do próprio Urias. Este homem tinha um caráter tão fantástico que não leu a carta. Joabe recebeu a comunicação do rei e Urias foi morto. Davi agiu como um mau-caráter, injusto e assassino. Dizem alguns teólogos que ele ficou um ano sem confessar o seu pecado. Após um ano Natã foi até ele e o repreendeu. Davi se arrependeu e confessou a sua iniquidade. A maioria dos cristãos diriam que alguém que fizesse tal coisa perderia imediatamente sua salvação. Quem ler o Salmo 51 verá que Davi não perdeu sua salvação, pois somente o Espírito Santo poderia produzir uma oração de arrependimento como aquela. Ele chega a pedir a Deus que não retire dele seu Espírito Santo (Vs 11). Se ele pede para não ser retirado, é porque o Espírito Santo estava dentro dele. O Senhor não retira a sua salvação, pois os seus dons e a sua vocação são irrevogáveis (Rm 11:29).
Mas alguém perguntará: Se um salvo se desviar e continuar pecando até o dia da sua morte, permanecerá salvo? A resposta é não. Sei que a salvação não se perde, mas existe uma diferença entre perder e jogar fora. Uma coisa é eu chegar em casa e descobrir que perdi minha chave, outra coisa é eu, propositadamente, jogar minha chave no lixo. Deus não retira sua salvação de ninguém, mas o homem pode jogá-la fora. Se isto fosse impossível, então o homem não teria livre-arbítrio. Quando Deus salva alguém, sua intenção é que este seja salvo para sempre, mas o homem pode interromper o plano de Deus em sua vida. O calvinista pode dizer que os planos de Deus jamais podem ser impedidos (Jó 42:2), mas Jesus falou que muitas vezes quis reunir o povo de Israel, mas eles mesmos não quiseram (Mt 23:37). Vejamos alguns textos bíblicos que mostram que um ser humano, mesmo salvo, pode jogar sua salvação no lixo e estar novamente debaixo do pecado:
Tg 5:19, 20: “Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”.
Em primeiro lugar, Tiago está falando para a igreja, ou seja, um grupo de salvos. Ele coloca, nestes dois versículos, o seguinte caso: Alguém que tem se desviado da verdade. Só pode se desviar da verdade alguém que anteriormente estava andando na verdade. Se estava andando na verdade, estava em Cristo, pois ele é a verdade (Jo 14:6). Tiago afirma categoricamente que se este salvo se desviar precisará novamente de salvação, pois se tornou novamente um pecador e caminha para a morte eterna. Se este sujeito permanece salvo mesmo pecando, por que Tiago diz que se alguém o converter o salvará da morte? Por que o chama de pecador? Fica bem claro pelo texto que se alguém se desvia da verdade caminhará rumo à perdição eterna. Uma vez salvo, salvo para sempre não é o pensamento de Tiago.
Ez 33:13: “Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, não virão em memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá”.
O justo é aquele que vive da fé (Ha 2:4). Consequentemente, essa fé o faz ser justo, pois a fé sem obras é morta (Tg 2:26). O próprio Deus está falando que se este justo confiar na sua justiça e praticar iniquidade (transgressão, pecado), tudo o que ele fez de bom e justo será esquecido. Ele complementa dizendo que na sua iniquidade morrerá este tal. Como alguém que morre vivendo na iniquidade irá para o céu? Lá não entrará coisa alguma que contamine (Ap 21:27). Aquele que acha que é salvo e pode viver pecando só porque um dia aceitou Jesus está redondamente enganado. Só receberá a coroa da vida aquele que for fiel até a morte (Ap 2:10).
Gl 5:4: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: Da graça tendes caído”.
Alguém pode dizer: Paulo está falando para pessoas que tinham apenas uma relação de aparência com Cristo, que não tinham experimentado a salvação de verdade. Ou dizer que esta palavra é apenas para os legalistas que estavam dentro da igreja. Será que estas declarações são verdadeiras? Vejamos o que diz Paulo: Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gl 3:2). Se eles receberam o Espírito Santo é porque creram em Jesus Cristo (Ef 1:13). Se alguém crê em Jesus e na mensagem da fé e recebe o Espírito Santo é claro que foi salvo. A este povo que creu e foi salvo é que foi dirigida esta frase: “Da graça tendes caído.” Ele também diz aos mesmos gálatas que se fossem circuncidados Cristo de nada os aproveitaria (Gl 5:2). Se Paulo disse isto é porque havia a possibilidade de eles se circuncidarem e anular o sacrifício de Cristo em suas vidas. E se alguém cai da graça é porque um dia esteve na graça, que é o fator divino para a salvação (Ef 2:8). Logo, entendemos que um salvo, se voltar às práticas religiosas legalistas, perderá sua posição espiritual e novamente estará debaixo de condenação.
Jz 16:20: “E disse ela: Os filisteus vêem sobre ti, Sansão. E despertou do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me livrarei. Porque ele não sabia que o Senhor se tinha retirado dele”.
Entendemos que o Espírito Santo, no Velho Testamento, habitava em algumas pessoas, de forma restrita, para capacitá-las para determinada função. Hoje, na época da graça, todos os salvos têm o direito à presença do doce Espírito de Deus. Mas existe uma verdade que nunca será mudada: Deus é santo e imutável. Se o Espírito Santo se retirou de Sansão porque ele o traiu, por que não faria isto nos dias atuais? Aquele que um dia foi templo do Espírito Santo foi entregue nas mãos do inimigo e deixou de ser habitação do Senhor porque traiu sua confiança.
I Ts 3:5: “Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil”.
Mais uma vez Paulo se dirige a um povo salvo. Um povo que tinha sido eleito por Deus (I Ts 1:4). Um povo que tinha se convertido dos ídolos para servir o Deus vivo e verdadeiro (I Ts 1:9). O defensor da predestinação fatalista diz que os supostos eleitos jamais podem perder-se, pois foram escolhidos antes da fundação do mundo. O apóstolo Paulo, que os chamou de eleitos anteriormente, expressou seu medo de que satanás os tentasse e o seu trabalho tivesse sido inútil. Se eles não perderiam jamais sua salvação, por que Paulo estava tão temeroso com relação à fé dos tessalonicenses? Ou por que ele disse que se isto acontecesse seu trabalho de evangelização teria sido inútil? É mais do que óbvio que Paulo tinha em mente que os tessalonicenses poderiam ser tentados por satanás e perderem sua fé, e assim todo o trabalho de evangelização feito entre eles seria inútil. Mais uma vez vemos que um salvo pode renunciar a sua fé e voltar às antigas práticas.
Hb 2:3: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram...”
Não acredito que os escritores da Bíblia ficaram colocando casos impossíveis de acontecer somente para impressionar os seus leitores. Se eles colocam uma determinada possibilidade é porque isto um dia pode acontecer. Senão eles estão brincando de escrever e Deus está brincando conosco. Como Deus é alguém sério e seus escritores foram inspirados por Ele, então as alertas bíblicas contra o pecado e a apostasia podem afetar a igreja cristã, que deve ser preservada pela palavra de Deus. O escritor do livro de Hebreus está alertando a estes irmãos que se não atentassem para a salvação do Senhor jamais poderiam escapar do castigo. Qual é o castigo para aqueles que rejeitam a salvação? A condenação eterna. Mais uma vez um escritor inspirado alerta a um salvo para a possibilidade de ele renunciar a sua fé e voltar ao antigo estado de condenação.
Hb 6:4-6: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro. E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõe ao vitupério.”
Um dos textos mais polêmicos da Bíblia. Existem alguns que acham que uma pessoa que se desvia dos caminhos do Senhor não pode mais ser salva. Esta interpretação está equivocada, pois já vimos que alguém pode se desviar e voltar para Deus (Tg 5:19, 20). Também temos as parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho pródigo (Lc 15) para mostrar que Deus pode muito bem trazer de volta aquele que se desviou. Outros ainda acham que este recair seja o adultério. Também é uma conclusão equivocada, pois Jesus perdoou uma mulher adúltera (Jo 8).
A interpretação mais correta deste texto é que o escritor está tratando do pecado de apostasia. Assim também pensa R.N. Champlin, Ph.D, e expressa isto em sua enciclopédia, embora ele creia na possibilidade de restauração do apóstata. O que é apostasia? É renunciar aos conceitos básicos da Palavra de Deus. É experimentar a salvação e dizer que tudo foi uma mentira. É experimentar uma experiência com o Espírito Santo e depois dizer que Deus nem sequer existe. É alguém dedicar sua vida pregando a Palavra de Deus e depois afirmar que tudo aquilo que pregou foi uma farsa. Isto é apostasia, se voltar literalmente contra Deus.
Este risco estavam correndo os hebreus. Diz o fundo histórico que eles estavam sendo perseguidos por serem cristãos pelas autoridades romanas e pelos próprios judeus. Não prestariam adoração ao imperador César, pois Deus não aceitaria tal coisa. Pregavam que haviam um rei, Jesus, e com isso afetavam as regras das leis romanas. Também era um escândalo para os judeus, pois Jesus se declarou igual ao Pai (Jo 5:18), que era constituído um pecado de blasfêmia e os tais deveriam ser apedrejados. Qual então era a opção dos hebreus? Ou continuavam a servir a Deus e crer em Jesus, ou renunciavam sua fé, prestavam culto ao imperador e teriam que dizer que a crucificação de Jesus foi merecida. Por isso o escritor diz que de novo eles crucificariam o Filho de Deus. Esta atitude de rebelião contra Deus constituiria o pecado de apostasia e os tais jamais poderiam ser renovados para arrependimento. O interessante é que o escritor diz que eles foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Será que alguém que provou tudo isto não foi salvo? Com certeza foi, mas o escritor está colocando a possibilidade de eles recaírem e se afastarem de Deus. Chegamos a conclusão que um salvo pode cair do estado da graça e apostatar da sua fé. É o que expressam os escritores da Bíblia.
Aquele que acredita na doutrina da predestinação fatalista responderá que não. Aquele que crê na doutrina do livre arbítrio responderá que sim. Agora, existem aqueles que não acreditam numa predestinação absoluta, mas acreditam que quando alguém é salvo está salvo para sempre. Este último grupo acha que quando alguém aceita a Jesus Cristo, mesmo que se desvie e peque, não perderá a sua salvação e mais cedo ou mais tarde voltará para o Evangelho. Eles acreditam que aqueles que vão para o inferno nunca experimentaram a salvação. É uma doutrina que tem base bíblica, mas vamos analisá-la detalhadamente à luz de vários textos.
Antes de tudo temos que entender que todo ser humano comete pecado. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23). Se dissermos que não temos pecado enganamos a nós mesmos e não há verdade em nós (I Jo 1:8). A maioria das pessoas tem um conceito precipitado sobre a salvação bíblica. Muitos acham que quando pecam o Espírito Santo se retira. Para quem tem este conceito, que leia Ef 1:13, onde diz: “... E, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Quando a Bíblia usa o termo selo, está se referindo que fomos comprados. Selo é símbolo de propriedade. Na mesma carta, Paulo diz que estamos selados para o dia da redenção (Ef 4:30). Isto significa que somos do Senhor até o dia do arrebatamento, e deste momento em diante estaremos para sempre com o Senhor.
Aqueles que foram escolhidos por Deus para a salvação não serão desamparados, mesmo que pequem. O Senhor disse que não nos deixaria e nem nos desampararia (Hb 13:5). Aquele que está verdadeiramente em Deus não vive pecando (I Jo 3:6), pois Deus opera nele tanto o querer como o efetuar (Fp 2:13). Não há base bíblica para dizer que o Senhor se retira de nós quando falhamos. A promessa de Jesus para os salvos é esta: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora” (Jo 6:37). O Senhor Jesus sabe que nenhum homem é perfeito e garantiu que jamais lançaria um dos seus fora. Então fica claro que um salvo não perde a salvação. Salvação não é como uma chave ou objeto que podemos perder. O sacrifício de Jesus não é momentâneo, mas eterno. Com um só sacrifício Jesus aperfeiçoou para sempre os que são santificados (Hb 10:14). Temos esta garantia de que não perderemos nossa salvação, pois aquele que em nós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo (Fp 1:6). Se Ele aperfeiçoará é porque ainda não está perfeita. Esta obra que ainda não está perfeita é a igreja, que só será aperfeiçoada completamente no momento do arrebatamento.
Vejamos o exemplo de Davi. Em 2 Sm 11 está relatado os dois crimes que ele cometeu: Um adultério e um homicídio. Ele era um homem que tinha suas mulheres e não precisava ter tomado uma mulher casada para si. Bate-Seba, uma mulher muito linda, estava tomando banho e Davi a viu nua da sacada do seu palácio. A visão o agradou e ele mandou chamar Bate-Seba para a possuir sexualmente. Avisaram a Davi que ela era casada, mas ele não quis saber. A conseqüência foi que a mulher engravidou. O rei Davi mandou chamar Urias, o esposo de Bate-Seba, deu-lhe bastante vinho até ele ficar bastante alcoolizado. Depois ele, sutilmente, mandou Urias ir para sua casa e ficar com sua linda mulher. Davi fez isto para Urias dormir com sua esposa e pensar que o filho era seu. Acontecendo isto, os problemas de Davi estavam terminados e ninguém saberia que o filho era seu. Mas Urias não quis ir para a sua casa, pois achava injusto estar com sua maravilhosa esposa enquanto seus amigos estavam na guerra. Davi, vendo que ele não queria passar a noite com ela, Bate-Seba, mandou uma carta para Joabe para deixar Urias na frente do exército e morrer. O incrível é que Davi mandou esta carta pelas mãos do próprio Urias. Este homem tinha um caráter tão fantástico que não leu a carta. Joabe recebeu a comunicação do rei e Urias foi morto. Davi agiu como um mau-caráter, injusto e assassino. Dizem alguns teólogos que ele ficou um ano sem confessar o seu pecado. Após um ano Natã foi até ele e o repreendeu. Davi se arrependeu e confessou a sua iniquidade. A maioria dos cristãos diriam que alguém que fizesse tal coisa perderia imediatamente sua salvação. Quem ler o Salmo 51 verá que Davi não perdeu sua salvação, pois somente o Espírito Santo poderia produzir uma oração de arrependimento como aquela. Ele chega a pedir a Deus que não retire dele seu Espírito Santo (Vs 11). Se ele pede para não ser retirado, é porque o Espírito Santo estava dentro dele. O Senhor não retira a sua salvação, pois os seus dons e a sua vocação são irrevogáveis (Rm 11:29).
Mas alguém perguntará: Se um salvo se desviar e continuar pecando até o dia da sua morte, permanecerá salvo? A resposta é não. Sei que a salvação não se perde, mas existe uma diferença entre perder e jogar fora. Uma coisa é eu chegar em casa e descobrir que perdi minha chave, outra coisa é eu, propositadamente, jogar minha chave no lixo. Deus não retira sua salvação de ninguém, mas o homem pode jogá-la fora. Se isto fosse impossível, então o homem não teria livre-arbítrio. Quando Deus salva alguém, sua intenção é que este seja salvo para sempre, mas o homem pode interromper o plano de Deus em sua vida. O calvinista pode dizer que os planos de Deus jamais podem ser impedidos (Jó 42:2), mas Jesus falou que muitas vezes quis reunir o povo de Israel, mas eles mesmos não quiseram (Mt 23:37). Vejamos alguns textos bíblicos que mostram que um ser humano, mesmo salvo, pode jogar sua salvação no lixo e estar novamente debaixo do pecado:
Tg 5:19, 20: “Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”.
Em primeiro lugar, Tiago está falando para a igreja, ou seja, um grupo de salvos. Ele coloca, nestes dois versículos, o seguinte caso: Alguém que tem se desviado da verdade. Só pode se desviar da verdade alguém que anteriormente estava andando na verdade. Se estava andando na verdade, estava em Cristo, pois ele é a verdade (Jo 14:6). Tiago afirma categoricamente que se este salvo se desviar precisará novamente de salvação, pois se tornou novamente um pecador e caminha para a morte eterna. Se este sujeito permanece salvo mesmo pecando, por que Tiago diz que se alguém o converter o salvará da morte? Por que o chama de pecador? Fica bem claro pelo texto que se alguém se desvia da verdade caminhará rumo à perdição eterna. Uma vez salvo, salvo para sempre não é o pensamento de Tiago.
Ez 33:13: “Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, não virão em memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá”.
O justo é aquele que vive da fé (Ha 2:4). Consequentemente, essa fé o faz ser justo, pois a fé sem obras é morta (Tg 2:26). O próprio Deus está falando que se este justo confiar na sua justiça e praticar iniquidade (transgressão, pecado), tudo o que ele fez de bom e justo será esquecido. Ele complementa dizendo que na sua iniquidade morrerá este tal. Como alguém que morre vivendo na iniquidade irá para o céu? Lá não entrará coisa alguma que contamine (Ap 21:27). Aquele que acha que é salvo e pode viver pecando só porque um dia aceitou Jesus está redondamente enganado. Só receberá a coroa da vida aquele que for fiel até a morte (Ap 2:10).
Gl 5:4: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: Da graça tendes caído”.
Alguém pode dizer: Paulo está falando para pessoas que tinham apenas uma relação de aparência com Cristo, que não tinham experimentado a salvação de verdade. Ou dizer que esta palavra é apenas para os legalistas que estavam dentro da igreja. Será que estas declarações são verdadeiras? Vejamos o que diz Paulo: Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? (Gl 3:2). Se eles receberam o Espírito Santo é porque creram em Jesus Cristo (Ef 1:13). Se alguém crê em Jesus e na mensagem da fé e recebe o Espírito Santo é claro que foi salvo. A este povo que creu e foi salvo é que foi dirigida esta frase: “Da graça tendes caído.” Ele também diz aos mesmos gálatas que se fossem circuncidados Cristo de nada os aproveitaria (Gl 5:2). Se Paulo disse isto é porque havia a possibilidade de eles se circuncidarem e anular o sacrifício de Cristo em suas vidas. E se alguém cai da graça é porque um dia esteve na graça, que é o fator divino para a salvação (Ef 2:8). Logo, entendemos que um salvo, se voltar às práticas religiosas legalistas, perderá sua posição espiritual e novamente estará debaixo de condenação.
Jz 16:20: “E disse ela: Os filisteus vêem sobre ti, Sansão. E despertou do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me livrarei. Porque ele não sabia que o Senhor se tinha retirado dele”.
Entendemos que o Espírito Santo, no Velho Testamento, habitava em algumas pessoas, de forma restrita, para capacitá-las para determinada função. Hoje, na época da graça, todos os salvos têm o direito à presença do doce Espírito de Deus. Mas existe uma verdade que nunca será mudada: Deus é santo e imutável. Se o Espírito Santo se retirou de Sansão porque ele o traiu, por que não faria isto nos dias atuais? Aquele que um dia foi templo do Espírito Santo foi entregue nas mãos do inimigo e deixou de ser habitação do Senhor porque traiu sua confiança.
I Ts 3:5: “Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil”.
Mais uma vez Paulo se dirige a um povo salvo. Um povo que tinha sido eleito por Deus (I Ts 1:4). Um povo que tinha se convertido dos ídolos para servir o Deus vivo e verdadeiro (I Ts 1:9). O defensor da predestinação fatalista diz que os supostos eleitos jamais podem perder-se, pois foram escolhidos antes da fundação do mundo. O apóstolo Paulo, que os chamou de eleitos anteriormente, expressou seu medo de que satanás os tentasse e o seu trabalho tivesse sido inútil. Se eles não perderiam jamais sua salvação, por que Paulo estava tão temeroso com relação à fé dos tessalonicenses? Ou por que ele disse que se isto acontecesse seu trabalho de evangelização teria sido inútil? É mais do que óbvio que Paulo tinha em mente que os tessalonicenses poderiam ser tentados por satanás e perderem sua fé, e assim todo o trabalho de evangelização feito entre eles seria inútil. Mais uma vez vemos que um salvo pode renunciar a sua fé e voltar às antigas práticas.
Hb 2:3: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram...”
Não acredito que os escritores da Bíblia ficaram colocando casos impossíveis de acontecer somente para impressionar os seus leitores. Se eles colocam uma determinada possibilidade é porque isto um dia pode acontecer. Senão eles estão brincando de escrever e Deus está brincando conosco. Como Deus é alguém sério e seus escritores foram inspirados por Ele, então as alertas bíblicas contra o pecado e a apostasia podem afetar a igreja cristã, que deve ser preservada pela palavra de Deus. O escritor do livro de Hebreus está alertando a estes irmãos que se não atentassem para a salvação do Senhor jamais poderiam escapar do castigo. Qual é o castigo para aqueles que rejeitam a salvação? A condenação eterna. Mais uma vez um escritor inspirado alerta a um salvo para a possibilidade de ele renunciar a sua fé e voltar ao antigo estado de condenação.
Hb 6:4-6: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro. E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõe ao vitupério.”
Um dos textos mais polêmicos da Bíblia. Existem alguns que acham que uma pessoa que se desvia dos caminhos do Senhor não pode mais ser salva. Esta interpretação está equivocada, pois já vimos que alguém pode se desviar e voltar para Deus (Tg 5:19, 20). Também temos as parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho pródigo (Lc 15) para mostrar que Deus pode muito bem trazer de volta aquele que se desviou. Outros ainda acham que este recair seja o adultério. Também é uma conclusão equivocada, pois Jesus perdoou uma mulher adúltera (Jo 8).
A interpretação mais correta deste texto é que o escritor está tratando do pecado de apostasia. Assim também pensa R.N. Champlin, Ph.D, e expressa isto em sua enciclopédia, embora ele creia na possibilidade de restauração do apóstata. O que é apostasia? É renunciar aos conceitos básicos da Palavra de Deus. É experimentar a salvação e dizer que tudo foi uma mentira. É experimentar uma experiência com o Espírito Santo e depois dizer que Deus nem sequer existe. É alguém dedicar sua vida pregando a Palavra de Deus e depois afirmar que tudo aquilo que pregou foi uma farsa. Isto é apostasia, se voltar literalmente contra Deus.
Este risco estavam correndo os hebreus. Diz o fundo histórico que eles estavam sendo perseguidos por serem cristãos pelas autoridades romanas e pelos próprios judeus. Não prestariam adoração ao imperador César, pois Deus não aceitaria tal coisa. Pregavam que haviam um rei, Jesus, e com isso afetavam as regras das leis romanas. Também era um escândalo para os judeus, pois Jesus se declarou igual ao Pai (Jo 5:18), que era constituído um pecado de blasfêmia e os tais deveriam ser apedrejados. Qual então era a opção dos hebreus? Ou continuavam a servir a Deus e crer em Jesus, ou renunciavam sua fé, prestavam culto ao imperador e teriam que dizer que a crucificação de Jesus foi merecida. Por isso o escritor diz que de novo eles crucificariam o Filho de Deus. Esta atitude de rebelião contra Deus constituiria o pecado de apostasia e os tais jamais poderiam ser renovados para arrependimento. O interessante é que o escritor diz que eles foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Será que alguém que provou tudo isto não foi salvo? Com certeza foi, mas o escritor está colocando a possibilidade de eles recaírem e se afastarem de Deus. Chegamos a conclusão que um salvo pode cair do estado da graça e apostatar da sua fé. É o que expressam os escritores da Bíblia.
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