Percepção de corrupção
Em
2002, o Brasil ocupava a 45ª posição do ranking de percepção da
corrupção da Transparência Internacional (TI), que incluía análises de
102 países. Em 2015, passamos para o 76º lugar entre 168 países - o que
parece indicar estagnação.
O coordenador do Programa Brasil da TI
Bruno Brandão diz, porém, que os índices dos dois anos não são
comparáveis por que, além do número de países analisados, a metodologia
da pesquisa também mudou em 2012.
"E desde 2012, nossos
indicadores para o Brasil permaneceram relativamente estáveis, com a
exceção de 2015, quando tivemos um aumento muito grande da percepção de
corrupção que levou o país a cair do 69º ao 76º lugar no ranking,
principalmente como efeito da Lava Jato", diz Brandão.
Segundo o
coordenador da TI, a percepção da organização é de que o país avançou no
combate à corrupção desde 2002 - embora a maior parte desse "avanço"
não tenha ocorrido por mérito do governo.
"É complicado dizer se a corrupção ficou menor ou
maior porque a corrupção é um fenômeno oculto - a única que aparece é a
que foi pega. Mas para nós o que interessa é se há mais combate ao
problema - e nesse ponto parece que o Brasil está de fato avançando",
opina.
"Tivemos uma evolução institucional grande e um aumento da
sociedade. Hoje temos a lei contra a lavagem de dinheiro, a lei
anticorrupção, a da ficha limpa, de acesso a informação e etc.
Instituições como o Ministério Público, a Polícia Federal e o próprio
sistema judiciário também têm demonstrado grande autonomia."
O
governo Dilma, na avaliação de Brandão, teria sido marcado por um certo
"pudor republicano" que favoreceu o combate a corrupção em alguma
medida, embora em algumas ocasiões esse pudor possa ter sido abandonado
(por exemplo, se forem comprovadas as tentativas do governo de
interferir na Lava Jato, como denunciou o ex-líder do governo no Senado
Delcídio do Amaral).
Ele
lembra o caso da Malásia, onde o procurador-geral foi destituído após
um escândalo de corrupção envolvendo o primeiro-ministro.
"No
Brasil, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, foi reconduzido
ao cargo em meio à Lava Jato. O Supremo Tribunal Federal também tem
agido com autonomia, apesar de muitos de seus membros terem sido
indicados pelo PT - enquanto na Venezuela, por exemplo, essa corte mais
parece um escritório de advogados do presidente (Nicolás Maduro)."
Já
para Neves, do Eurasia Group, dizer que o governo do PT "deixou que se
investigasse" a corrupção na Petrobras é "papo furado".
"Concordo
que é difícil dizer se a corrupção caiu ou cresceu no governo PT. Mas é
relevante o fato de o escândalo da Lava Jato ser o maior escândalo de
corrupção da história brasileira", opina. "Também chama a atenção a
maneira coordenada e sistematizada com que o esquema foi montado na
estatal."
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