Aluízio Alves considera a transposição essencial para garantir o abastecimento de água no Nordeste
Se
como presidente da República ele deu total apoio ao então ministro da
Integração Regional, Aluízio Alves, para desenvolver o projeto da
transposição do rio São Francisco, não seria como governador do Estado
de Minas Gerais que ele se oporia ao projeto. Foi isso o que deixou
evidenciado o governador Itamar Franco, ao dar depoimento ontem à tarde
na comissão especial da Câmara que discute o projeto. "Mesmo sendo Minas
responsável por 70% das águas do rio São Francisco, o Estado não é dono
do rio", disse o governador.
"Se
Minas, que tem a maior parte do rio e será apenas doadora apoia o
projeto, por que outros Estados hão de ser contra?". A pergunta ficou
implícita nos inúmeros elogios que os participantes do Grupo de Estudos
da Transposição do rio São Francisco na Câmara fizeram à postura do
governador mineiro. Até Haroldo Lima (Pcdo-BA), um dos deputados que
mais criticam o projeto, parabenizou a idéia de Itamar, mas fazendo
ressalvas. "Paralelo a esse debate temos que barrar a privatização da
Chesf e lutar pela transposição do Tocantins. Pois não queremos água só
para beber, queremos industrializar o Nordeste", disse.
Itamar
Franco lembrou ainda que o Estado é responsável por 50% da água
atualmente consumida pelo Nordeste. A audiência pública da Comissão
Especial durou três horas e meia. Além do governador Itamar Franco,
participaram dos debates o ex-ministro Aluízio Alves e o atual
secretário nacional de infraestrutura hídrica, Rômulo Macedo, do
ministério da Integração Nacional. Ele foi um dos responsáveis pelo
projeto original e atualmente é o gerente do projeto em fase de
conclusão. Coube a Rômulo explicar as alterações previstas no projeto
atual, cujas obras têm início programado para o segundo semestre deste
ano.
O
ex-ministro Aluízio Alves fez uma retrospectiva do projeto reivindicado
há mais de 150 anos pelos nordestinos. Ele criticou os parlamentares
que se opõem a obra e defendeu o uso racional e múltiplo do rio São
Francisco.
Segundo
Aluízio, o projeto atual deve ser executado e, no futuro, poderá ser
feita a integração das bacias do São Francisco com a do Tocantins. Pelo
projeto em discussão, a vazão de 70m3 por segundo atenderia a demanda
dos Estados beneficiados com a transposição. Depois poderíamos pensar na
integração de outras bacias.
Aluízio
Alves lembrou ainda que teve apenas seis meses para elaborar o projeto e
deixou tudo pronto para as licitações no final do governo Itamar
Franco. Até os editais estão incluídos nos 228 volumes do projeto.
Depois vieram as ações judiciais. Foram sete ao todo, uma deles movida
pelo atual ministro da Previdência Social, Valdeck Ornelas, do PFL da
Bahia.
Além
do deputado Henrique Alves, que preside a comissão, participaram da
audiência os deputados Betinho Rosado e Lavoisier Maia, do PFL, Múcio Sá
e o senador Agnelo Alves, ambos do PMDB. Betinho elogiou as declarações
do ex-presidente Itamar Franco e salientou o empenho do ex-ministro
Aluízio Alves na elaboração do projeto.
Para
o presidente da comissão, Henrique Alves, depois do debate, a comissão
tomou outro rumo, já que o apoio de Minas Gerais significa um grande
avanço no debate travado entre os parlamentares.
Fonte: Tribuna do Norte, 01/03/2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário