“Um país de trambiqueiros”
A
Lava Jato publicou um texto
arrasador na
Folha de São Paulo.
É assinado pelos procuradores
Carlos Fernando dos Santos Lima, Júlio Noronha e Roberson Pozzobon.
BRASIL, um país de politicos corruptos. NÃO PODERIAM SEREM MELHORES?
Eles carregam no DNA a corrupção, como foi dito pelo maior Livro.
Leia e espalhe:
“Até quando interesses escusos abusarão da paciência do povo
brasileiro? Por quanto tempo haverá tentativas de reduzir as relações
espúrias entre políticos e empresários, colocadas a nu pela Lava Jato, a
um compromisso sem consequências nefastas para nosso país?
Até quando zombarão de nós aqueles que afirmam que congressistas são
apenas ‘despachantes de luxo’, intermediários de inofensivos interesses
das empresas?
Nunca antes ficaram tão evidentes as causas e as consequências da
corrupção endêmica que nos afeta. Mas já intuíamos isso. Como entender
que um país tão rico tenha uma população tão pobre?
Sabíamos que a corrupção desviava recursos públicos apenas para aumentar lucros de empresas e pagar propina.
E que esse ‘acarajé’, esse suborno, chegava aos agentes públicos de
diversas formas, desde o benefício indireto do uso de aviões, empregos
para filhos e residências na praia até depósitos em contas no exterior,
pagamentos em espécie e financiamento de caras campanhas eleitorais.
O câncer da corrupção corrói a própria
democracia ao subverter as eleições. Dinheiro de corrupção irriga as
campanhas políticas por meio de caixa um ou dois. Importa aqui a sua
origem escusa. Proveniente de corrupção, esse valor não muda sua
natureza pela aplicação posterior que lhe é dada. Mais que isso, tentar
esconder sua gênese configura também o crime de lavagem de dinheiro.
E agora nem o temor da população impede mais as manobras. Políticos
envolvidos no escândalo apresentam propostas para anistiar a prática
ilícita e punir quem os investiga, processa e julga. Acham-se acima da
lei só porque foram escolhidos para legislar. Não percebem que essa
conspiração já é do conhecimento de todos.
Assim, apócrifos projetos de lei passeiam no Congresso com o objetivo
de anistiar a corrupção, disfarçados como apenas uma anistia ao caixa
dois. Afinal, por qual motivo os políticos deveriam temer ser acusados
por esse tipo de crime?
Reportagem da rádio CBN de 2016 apontou que o TSE possui apenas uma
única condenação criminal por caixa dois em sua história. Então, ainda
que não anistiado de direito, há muito foi anistiado de fato.
Além desses projetos, outro tão nocivo já se encontra em tramitação
acelerada no Senado. De autoria do senador Renan Calheiros, visa, sob a
fachada de tratar do abuso de autoridade, apenas ameaçar aqueles que
investigam, processam e julgam a corrupção.
Qual outro motivo para tanto açodamento, sem um debate amplo perante a
sociedade? Por que não dão ouvidos à consulta pública feita pelo Senado
em seu portal, em que 98% das respostas são contra o projeto como
proposto?
Quem diz apoiar a anistia ao caixa dois deseja, na verdade, a anistia
à corrupção, o fim das investigações da Lava Jato e a soltura dos
condenados.
Mente, portanto, aquele que diz que o loteamento dos cargos públicos é
o preço para governar o país, quando se sabe que dele resultam
corrupção e falta de serviços públicos para a sociedade.
Torna-se um simples despachante a mando de criminosos aquele que
defende interesses escusos na esperança de se manter na política. Por
fim, abusa da autoridade aquele que a usa para criar leis com o objetivo
tão somente de ameaçar procuradores e juízes.
Advogar essas ideias é desprezar a sociedade. Sabemos quem são e onde
se encontram essas pessoas. Não ignoramos o que fizeram em noites
passadas e que decisão tomaram.
São tempos difíceis, mas devemos, como povo, tomar os caminhos
certos. O Brasil será, de fato, um país de trambiqueiros, condenado ao
atraso e à pobreza, se perdoarmos a corrupção e deixarmos que intimidem
as autoridades”.